Seguradoras usam aquecimento do comércio para vender mais apólices
Com a entrada de aproximadamente 20 milhões de pessoas na classe C no ano passado – movimento que caminhou junto à expansão do consumo e do crédito -, o comércio varejista tornou-se importante intermediador na venda de seguros do tipo prestamista e garantia estendida. Para fornecer os produtos, aumentando ganhos e protegendo as finanças em caso de inadimplência, algumas lojas optam por contratar empresas para auxiliar no processo. Segundo a Aon Affinity do Brasil, corretora especializada na gestão de massificados no País, de 2004 para este ano subiu de três para 25 o total de empresas às quais presta esse tipo de serviço. “A baixa renda normalmente é desbancarizada. Se o comércio, que é absolutamente democrático, oferece a proteção, talvez seja essa a primeira oportunidade do público de contratar um seguro”, explicou o diretor de Varejo da empresa, André Feltrin.
O comércio capta os clientes, que normalmente fazem compras financiadas no estabelecimento, e oferecem o seguro prestamista ou o garantia estendida. No primeiro caso, os débitos são automaticamente quitados em caso de morte, invalidez ou mesmo desemprego do mutuário. No segundo, é ampliado o prazo dado pela fábrica para o conserto ou a troca do produto que possua defeito. Na etapa seguinte, a Aon presta serviço de consultoria, oferecendo, inclusive, outros tipos de apólice para a pessoa, como seguro de vida e residencial, entre outros. Por fim, o risco da operação é passado para uma seguradora, que se torna responsável por indenização em caso de sinistros. Do prêmio pago pelo segurado, de 40% a 50% ficam para a loja e o restante é dividido com os demais componentes da cadeia.
Proteção contra inadimplência
O Bradesco, maior banco privado do País, viu o total de prêmios concedidos no ramo prestamista crescer praticamente 11 vezes nos primeiros três meses deste ano. Sua base foi de R$ 6,4 milhões no mesmo período de 2007 para R$ R$ 65,6 milhões. Dados do Banco Central mostram que, entre 2003 e 2007, o total de recursos livres liberado pelo setor financeiro avançou 200%, atingindo a base de R$ 660 bilhões. Além do avanço na concessão de empréstimos e financiamentos pelo próprio banco, acordos feitos com o comércio são apontados como estimuladores dessa situação. “As empresas querem se proteger das bolhas de crédito e de consumo. Na ressaca desse período, existe a possibilidade de haver inadimplência”, contou o diretor executivo de Seguros, Vida e Previdência da instituição, Eugênio Veslasques.
Segundo o BC, a inadimplência dos consumidores caiu, entre março de 2007 e o mesmo mês de 2008, de 14,1% para 13,6% das operações de crédito. No mesmo período, o ramo “Aquisição de outros bens”, que trata do comércio, teve variação praticamente nula: de 22,7% para 22,6%.
Adriele Marchesini
Fonte: DCI OnLine