Seguradoras oferecem produtos personalizados
Exigências das grandes indústrias ao contratar fornecedores aquece o mercado. Seguradoras ampliam pacotes com políticas de cálculo de riscos especialmente elaboradas para atender às pequenas e médias empresas. E não é à toa: o mercado brasileiro de seguros gerais e de saúde, mais contratados por esses segmentos, deve movimentar R$ 39,8 bilhões em 2007, ante os R$ 34,5 bilhões de 2006, de acordo com a Superintendência de Seguros Privados (Susep).
“Hoje em dia, não basta oferecer uma soma de coberturas. O cliente necessita de produtos personalizados”, avalia Paulo Umeki, diretor de produtos da Liberty. A estabilidade econômica, que permite aos pequenos e médios planejarem seus gastos, aliada à profissionalização das licitações das grandes indústrias que, em sua maioria, exigem que mesmo as empresas terceirizadas de seus fornecedores contratados estejam seguradas, são uns dos motivos que garantem o crescimento deste setor.
Hoje, a Liberty define os pequenos planos empresariais para estabelecimentos de até 30 funcionários e com patrimônio segurado de até R$ 300 mil. De olho nesse nicho, a seguradora lança produtos voltados a pequenas empresas a cada três meses.
Já a aposta da Mapfre são os seguros definidos em Convenção Coletiva de Trabalho paraatender às pequenas e médias empresas. “Isso porque conseguimos acordar vários pontos requisitados tanto pelo sindicato patronal quanto pelo sindicato laboral”, indica Caio Valli, diretor da Unidade de Vida e Previdência da Mapfre. Em comum acordo, patrões e empregados adquirem seguros que podem, por exemplo, assegurar a sobrevivência da família se o trabalhador fique inválido ou morra, garantindo até o sepultamento. “A vantagem desse tipo de modalidade é que conseguimos planos padronizados a um custo competitivo, baseado nos princípios de mutualidade”, afirma Valli.
A AGF mantém em seu portfólio até serviço de segurança, sofisticando as assistências disponíveis em seus pacotes empresariais. “Os pequenos e médios comércios e serviços representam cerca de 90 mil apólices para a AGF. Somente na divisão de seguro patrimonial, a participação delas atinge 90%”, contabiliza Luiz Carlos Paladino, superintendente de multiprodutos da AGF Seguros. A companhia explora novas áreas como as usinas de biodiesel e armazéns de grãos, ambas de porte médio.
Desinformação
Marco Antonio Gonçalves, diretor-gerente comercial da área de Massificados da Bradesco Auto/RE, afirma que, apesar do crescimento deste mercado, os seguros patrimoniais ainda são pouco disseminados entre as pequenas e médias empresas. O executivo cita que das cinco milhões de empresas no País, apenas 10% contratam esse tipo de produto. “E o incêndio é uma das principais preocupações dessas companhias, já que sua atividade pára e elas não têm capital de giro para sobreviver”, diz.
A partir de 2005, conta ele, a Bradesco focou pacotes específicos para esses clientes. “Postos de gasolina buscam coberturas contra vendaval, fumaça e até do dinheiro em caixa. Confecções e lojas de equipamentos eletrônicos também estão à frente quando o assunto são os seguros patrimoniais”, diz.
Para Marco Antunes, diretor de Operações de Saúde da SulAmérica, o maior acesso ao crédito, aliado aos programas de qualificação liderados pelo Sebrae têm elevado o número de apólices nas pequenas e médias empresas. “Apesar disso, menos de 15% das companhias com até 50 funcionários oferecem algum tipo de seguro”, pondera ele. Preço também é outro fator que assusta as empresas. “Ainda há um mito que seguro é necessariamente caro”, afirma Antunes.
Lançado em outubro, o Real Simples Previ Empresa, da Tokio Marine, é dirigido às pequenas e médias empresas com faturamento anual de até R$ 30 milhões, com até 30 participantes. De acordo com Richard Michael Seegerer, gerente de Produtos Pessoas Jurídicas da companhia, o produto pode ser feito apenas para o dono da empresa e dispõe de uma contratação mais simples feita as próprias agências. Os seguros hoje funcionam como espécie de retenção de talentos nas pequenas e médias empresas. “Associar um seguro saúde a um benefício odontológico, incluindo os dependentes dos funcionários pesa na hora do empregado optar por uma empresa”, avalia Heráclito de Brito Gomes Jr, diretor geral da Bradesco Saúde.
Fonte: Gazeta Mercantil