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Seguradora teme alta de sinistros em lojas

Na carteira de apólices em atraso da Coface do Brasil estão hoje, entre outras empresas, cinco redes de varejo – uma de supermercados, uma de eletroeletrônicos e três revendas de automóveis. “Isso começa a me preocupar e me leva a concluir que não teremos mais o chamado pouso suave no que diz respeito à retração do crédito no país”, afirma Fernando Blanco, presidente da subsidiária brasileira da seguradora francesa, que detém 48% do mercado doméstico.
Com a piora do nível de confiança em relação aos efeitos da crise financeira no Brasil, cresce a busca de garantias por parte das empresas que negociam com o varejo. Elas são responsáveis por um incremento de R$ 10 milhões em volume de prêmios de agosto a outubro, segundo dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados). No mesmo período a procura pelo seguro de crédito na Cofasse aumentou 120%.
Com a piora do nível de confiança em relação aos efeitos da crise financeira no Brasil, cresce a busca de garantias por parte das empresas que negociam com o varejo. Para Blanco, os efeitos negativos da crise começam a bater na porta da economia real no Brasil. Os prêmios acumulados de janeiro a outubro estão entre R$ 80 milhões e R$ 84 milhões, crescimento de 37% ante o mesmo período de 2007. “Como as empresas multinacionais acompanharam de perto o aumento do índice de inadimplência lá fora, motivaram suas subsidiárias no Brasil a se protegerem do risco. Por outro lado, as empresas nacionais também ficaram mais temerosas”, analisa Blanco.
O estoque de risco assegurado hoje está em torno de R$ 24 bilhões no mercado doméstico. Só a indústria automotiva foi responsável por 50% da elevação nos prêmios até novembro, temerosa do desempenho das concessionárias. O varejo representa hoje 40% da carteira total de prêmios da Coface. “Os valores envolvidos são altos. Em uma única apólice feita por uma indústria, o valor assegurado é de R$ 500 milhões em créditos com o varejo”, afirma Blanco. A Coface têm seguros que envolvem todas as grandes redes de varejo do país. Porém, segundo Blanco, cerca de 60% dos novos contratos fechados nos últimos meses podem virar sinistro em 2009 (hoje o índice está em torno de 40%).
A retomada da confiança no mercado brasileiro, para ele, deve mesmo começar a acontecer em 2010, com um recuo da sinistralidade para 50% do total da carteira. Mas o mercado deve mesmo se acalmar em 2011, com a retomada da média de sinistros deste ano, considerada razoável.
“Estamos assistindo ao aumento do índice de inadimplência, que cresceu cerca de 13% em outubro. Mas a desconfiança já era bem anterior”, afirma Jesus Victório Cano, presidente da Crédito y Caución, que desembarcou no Brasil no ano passado, vendo aqui enorme potencial de crescimento de seu produto. “Estamos crescendo de fato, mas não no cenário positivo que imaginamos”, afirma.
Os sinistros começam a aparecer. Entre agosto e novembro, a Crédito y Caucion registrou 20 casos, incremento 125%, se comparado com igual período de 2007. “Muitos envolvem o pequeno varejo nas áreas de têxtil e eletroeletrônicos. Mas não vejo possibilidade de sinistro envolvendo as grandes redes varejistas”, analisa. Hoje, cerca de 40% da carteira da seguradora também tem operação de crédito junto ao varejo. A elevação pela procura por seus produtos nos últimos três meses foi de 50%. Já para 2009, a continuar esse ritmo, a Crédito y Caucion estima um crescimento de até 60% em prêmios assegurados em sua carteira no mercado doméstico. “O país não tinha cultura de contratar seguro de crédito. Está aprendendo a ter.”
O mercado de seguro de crédito é muito novo no Brasil e não tem mais do que dez anos. Enquanto na Espanha existem cerca de 31 mil apólices dessa natureza, o Brasil possui pouco mais do que 500 apólices. (R.L.)

Fonte: Valor

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