Seguradora cria seguro para vacina de covid-19
O Valor Econômico relata que, apesar de os testes da vacina para covid-19 ainda estarem em fase de análise no mundo todo, a seguradora Generali, em parceria com a importadora BSF Saúde e a distribuidora de medicamentos Precisa, começou a vender, ontem, um seguro que dá direito à vacina tão logo ela seja aprovada pela Anvisa.
A Generali está vendendo o seguro para as empresas com a promessa de que os beneficiários poderão ser vacinados em paralelo ou antes mesmo da campanha de imunização do governo que contemplará, inicialmente, grupos de risco. A apólice cobre a vacina aplicada na rede privada – ou adquirida pela importadora BSF -, que seria repassada às empresas que comprarem o seguro.
No entanto, o Ministério da Saúde informou que ainda não há uma definição se a rede particular ofertará a vacina. Não há uma lei proibindo a venda pelo setor privado, mas devido à pandemia, essa decisão hoje é de competência do governo.
“Entre os eixos prioritários avaliados [para distribuição da vacina] estão a situação epidemiológica da covid-19 e definição da população-alvo, estratégia de vacinação, operacionalização, farmacovigilância, estudos necessários para monitoramento pós-comercialização, supervisão e avaliação, comunicação sobre a campanha de imunização”, informou a pasta.
“Não vamos vender a vacina da covid-19. Para ser coerente com a pandemia acredito que a oferta precisa ser na rede pública”, disse Roberto Santoro, presidente do Hermes Pardini, terceira maior rede de medicina diagnóstica. Ele explicou que isso pode mudar se houver um programa de imunização constante como é o caso da campanha de vacinação da gripe. Representantes de grandes hospitais e laboratórios privados disseram desconhecer a possibilidade de venda da vacina, pelo menos num primeiro momento.
Para o epidemiologista Wanderson de Oliveira, que fez parte da equipe do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, as vacinas podem ser vendidas para o setor privado, mas na prática isso dificilmente acontecerá. Ele disse que a preferência é do público. “O governo poderia fazer parceria com as clínicas privadas para capilarizar ainda mais o acesso, mas elas funcionariam como farmácia popular”, disse Oliveira.
Além disso, há um acordo global entre a Organização Mundial da Saúde (OMS) e as farmacêuticas para ofertar a vacina com preço acessível a fim de evitar uma concentração nos países ricos. O preço deve oscilar entre US$ 10 e US$ 30. Segundo uma fonte da indústria, nesse cenário de pandemia, a expectativa é que as farmacêuticas evitem, num primeiro momento, a venda da vacina para empresas privadas que visem lucro por conta do acordo firmado com a OMS.
O valor do seguro da Generali é de cerca de R$ 1,9 mil, podendo ser pago em 24 parcelas de R$ 79. A quitação à vista permite o acesso imediato à vacina. Na opção parcelada, a carência é de seis meses. O seguro dá direito a duas doses da vacina e tem validade por dois anos. A apólice cobre ainda medicamentos genéricos para doenças agudas, cuja prescrição seja feita em prontosocorro. “Já temos o seguro para cobertura de medicamentos há dois anos e agora estamos incluindo a vacina. Quando criamos esse produto, queríamos algo tangível, que o segurado pudesse usar em vida”, disse Claudia Papa, vice-presidente da Generali. Segundo Cláudia, há cerca de 6 milhões de usuários do seguro para remédio.
“Nesta pandemia, muitos negócios foram interrompidos. Com o seguro, as empresas terão mais previsibilidade para retomar às atividades. Não será preciso esperar a vacinação dos grupos prioritários ”, disse Conrado Gordon Landgraf, diretor técnico da Generali. Questionado se já há negociação com as farmacêuticas, Luis Blotta, presidente da BSF Saúde, informou que está conversando com algumas delas, mas que ainda não há contratos fechados. Sua expectativa é que a vacina esteja disponível no Brasil no segundo trimestre de 2021.
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