Scor Re diz que Brasil foi poupado dos grandes estragos causados pela crise mundial
A CRISE mundial poupou o Brasil de grandes estragos financeiros, mas não de mudanças. Neste novo cenário mundial, o seguro de vida e os planos de previdência ganham um destaque especial, principalmente no Brasil, onde a abertura do resseguro trouxe um ingrediente a mais para o desenvolvimento deste setor. O segmento de Vida e Previdência é um nicho que despertava, até então, pouco atenção do corretor generalista, ficando as vendas restritas aos canais de distribuição massificados, como agências bancárias, cartões de crédito e lojas de varejo, para citar os principais. Neste novo cenário mundial, onde as pessoas clamam por mudanças na percepção da cadeia de distribuição, os corretores serão alvos de dedicação de investimento das seguradoras, disse Ronald Kauffman, country manager ScorRe Life Brasil, durante sua palestra Crescimento do mercado de Vida- desafios e oportunidades, proferida no II Seminário Internacional de Marketing & Vendas de Vida e Previdência, promovido pela Fenaprevi no último dia 30.A queda da Selic, hoje em 8,75%, com viés de baixa, potencializou ainda mais a necessidade das empresas do setor a buscar alternativas para rentabilizar a operação, tornando o seguro de Vida um alvo tanto para o corretor como para as seguradoras. Um maior foco no segmento e a abertura do resseguro aumentam o leque de produtos e ajudam a tornar o preço mais acessível para o consumidor, diz Kauffman.Segundo o ressegurador, tal seguro de Vida vai exercer cada vez mais um papel importante para as pessoas. O mercado de seguro de vida não atravessou a crise incólume. Os valores em prêmios tiveram uma queda significativa. Segundo a Swiss Re, os prêmios registraram recuo após vários anos de crescimento. A venda de produtos vinculados a cotas e a mercados acionários foi gravemente afetada pela queda nos mercados de ações, levando a uma retração de 5,3%, para US$ 2,219 trilhões em 2008 nos prêmios de seguros de vida nos países industrializados. Nos mercados emergentes, o crescimento dos prêmios de seguros de vida acelerou para 14,6%. De forma geral, o que se viu foram perdas de valores de ativos, redução de ratings, mudanças drásticas dos boards e direções executivas, conflito de interesses com acionistas, venda de portfolios, capital realocado para cobrir perdas, informou o palestrante. Consequentemente, a estratégia de várias seguradoras mudou completamente de direção e tornou os resseguradores uma das mais acessíveis fontes de capital. No Brasil, a crise não refletiu mudanças no consumidor, principalmente porque com as altas taxas de juros poucos investidores optavam por investir no mercado acionário. Uma realidade totalmente diferente do mercado americano, onde quase 90% dos ativos de previdência estavam alocados em ações na busca de um retorno mais atraente do que as modestas taxas do Tesouro americano.O que trará uma mudança no mercado de Vida brasileiro é a maior oferta de produtos, em virtude da abertura do resseguro e do maior interesse dos grupos estrangeiros pelo Brasil como uma forma de expandir suas carteiras, uma vez que em seus países o segmento de Vida e Previdência se mostra consolidado. O Brasil ocupa ainda a 20ª posição no ranking mundial, estando entre as dez maiores economias do mundo. E em resseguro, tem apenas R$ 100 milhões em prêmios, frisa.Segundo Kauffman, a expectativa de crescimento do mercado de Vida e Previdência no Brasil em 2009 é de 12%, para R$ 19 bilhões, sendo R$ 13 bilhões em Previdência e R$ 5,5 bilhões em Vida, estimulado principalmente pela necessidade das pessoas em acumular recursos de longo prazo para a realização de projetos de vida. Os seguros de Vida ligados ao crédito também são uma aposta do executivo para a expansão deste segmento. No longo prazo, no entanto, o crescimento é explosivo, uma vez que a população jovem do país passa a ingressar no mercado de trabalho.Para que este setor cresça de maneira sustentável, Kauffman cita vários desafios, entre eles a sofisticação de produtos, como coberturas que protejam a renda do cliente em caso de infortúnios ou mesmo a garantia de renda, caso ele seja acometido de uma doença grave, como câncer, por exemplo. Outro nicho de grande potencial é o de produtos voltados para garantir a longevidade.Os corretores são um dos principais canais de distribuição desses produtos. Segundo dados apresentados por ele em sua palestra, em economias maduras os consultores financeiros e corretores independentes representam 20% das vendas e os agentes exclusivos 25%. Os canais alternativos, como supermercados e lojas de varejo representam apenas 6% das vendas; a internet 8%, os bancos 10%, a venda direta 17%. É um admirável mundo novo a ser descoberto, finaliza o executivo da Scor Re.
Fonte: Viver Seguro