SAS anuncia que vai deixar de operar aviões Q400 da Bombardier após terceiro acidente em d
A companhia aérea escandinava SAS decidiu assumir custos extra de US$ 47 milhões a US$ 62 milhões neste ano para encerrar as operações com seus aviões modelo Q400, fabricados pela canadense Bombardier. A decisão veio após um acidente ocorrido sábado com um desses aviões em Copenhagen, o terceiro em menos de dois meses.
A preocupação agora é que outros operadores da aeronave decidam seguir os passos da SAS, por terem perdido a confiança no aparelho. Além disso, há o risco de cancelamento de pedidos, o que afetaria duramente a fabricante canadense, que hoje disputa a terceira posição no ranking de aviação com a brasileira Embraer.
O Dash 8 Q400 da SAS, um bimotor turboélice com capacidade para 78 passageiros, se acidentou quando, ao tocar a pista, seu trem de pouso direito se quebrou. O avião se arrastou pela pista do aeroporto de Copenhagen, que teve de ser fechada para novos pousos. Nos dois acidentes anteriores, nos dias 8 e 12 de setembro, o problema também ocorreu nos trens de pouso. Nesses dois eventos, pelo menos cinco pessoas se feriram sem gravidade.
“A confiança no Q400 diminuiu consideravelmente e nossos clientes estão cada vez mais duvidosos em escolher voar nesse modelo de avião”, disse o executivo-chefe da SAS, Mats Jansson. Além de interromper o uso dos Q400, a companhia escandinava ainda vai pedir compensações no valor de US$ 78 milhões à fabricante do avião.
A Bombardier afirmou ontem ter ficado “decepcionada” com a decisão da SAS de não utilizar mais seus aviões, “uma vez que o incidente no pouso ainda está sob investigação pelas autoridades dinamarquesas”. Segundo a companhia, aparentemente o problema não tem relação com o que foi identificado como causa nos acidentes anteriores com os aviões desse modelo operados pela SAS. Tanto que a companhia emitiu um aviso a todos os operadores (AOM, na sigla em inglês) informando sobre o acidente, mas recomendando que as operações com os aviões fossem mantidas sem alteração.
A empresa ainda afirmou que mantém sua confiança no Q400. “Desde que entrou em serviço comercial em fevereiro de 2000, o Q400 se provou um avião seguro e confiável, com mais de 150 unidades em operação com 22 companhias em todo o mundo”, afirma em nota. “Até hoje, a frota de Q400 já registrou mais de um milhão de horas de vôo e 1,2 milhão de ciclos de pouso e decolagem”, completa.
As vendas do Q400 se intensificaram com a alta no petróleo, por se tratar de um avião de baixo consumo de combustíveis – cujos preços aumentaram cerca de 45% apenas neste ano. Na semana passada, a empresa vendeu 12 unidades, por US$ 355 milhões, para a australiana Qantas Airlines, além de outras 10 unidades, por US$ 267 milhões, para um cliente europeu não discriminado. Desde que foi lançado o Q400, a Bombardier já vendeu 264 unidades, e entregou 164 em todo o mundo (até o último dia 31 de julho).
No total, a SAS operava, até sábado, 27 unidades do Q400, e havia sido a primeira operadora européia a utilizar o avião. A aeronave era usada em rotas dentro da escandinávia (Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia) e em rotas internacionais curtas, dentro da Europa. Antes do acidente de sábado e depois da interrupção nas operações com o modelo, a empresa recolocou os aviões em uso entre os dias 4 e 14 deste mês.
Além da SAS, outras empresas que utilizam o modelo são a britânica Flybe, com 35 unidades, e a norte-americana Horizon Air, com 33. Também operam o modelo a japonesa Japan Airlines, a austríaca Austrian Airlines e a alemã Augsburg Airways. Segundo a Bombardier, nenhuma companhia brasileira utiliza o avião.
Fonte: Valor