São Paulo se oferece para abrigar novo pólo de resseguro
O seminário São Paulo e o Novo Resseguro do Brasil, realizado nesta quinta-feira, dia 16, pela Prefeitura Municipal de São Paulo, no auditório de sua sede no centro, com o apoio de diversas entidades representativas do seguro, lançou a candidatura da cidade a sede do novo pólo de resseguro. O secretário de Relações Internacionais, Alfredo Cotait Neto, admitiu que o governo paulista tem muito interesse na indústria do seguro e, por isso, oferece toda a infra-estrutura da cidade para a criação do pólo, no qual seriam concentrados os negócios do setor. Podem até escolher o local: Paulista, Berrini, Luz, reforçou o secretário.
No primeiro dos três painéis do evento, o secretário Cotait apresentou em números a infra-estrutura da capital paulista, destacando os indicadores econômicos, avanços tecnológicos, qualificação dos recursos humanos, estrutura hoteleira e outros. Ele comentou ainda sobre as perspectivas de grandes negócios que São Paulo oferece ao seguro e resseguro, como as parcerias público privadas (PPP), as quais, afirmou, estão em fase de final de aprovação na Câmara Municipal. O secretário apontou também o volume de obras programadas, caso da ampliação das linhas do metrô, que calculou em mais de 180 quilômetros.
Expositora do painel Novo marco regulatório de resseguro no Brasil: desafios e oportunidades, a diretora da Fenaseg, Maria Elena Bidino, forneceu um panorama do desempenho e potencial do seguro brasileiro em relação a outros países. Considerando a baixa participação do Brasil no ranking mundial de seguros (19º lugar), ela concluiu que há muito potencial para o País. Embora os Estados Unidos respondam por um terço dos US$ 3,7 trilhões arrecadados pela indústria de seguro mundial, Bidino não considera o modelo normativo de seguros daquele País como parâmetro para o Brasil. Que o governo não se encante com as regras ortodoxas do mercado americano, exigindo maior capital das empresas, porque nosso mercado é menor e não irá suportar, podendo inibir a vinda de resseguradores e a oferta de resseguros que a lei tem como objetivos principais.
Em relação à lenta transição para o mercado aberto de resseguros, ela disse que prefere uma mudança suave a ter de passar pelos mesmos percalços que a Argentina, cuja abertura se deu em função da quebra do ressegurador estatal. Nesse ponto, Bidino tranqüilizou o mercado, afiançando que o IRB continuará apoiando as seguradoras, sobretudo na condução dos negócios no exterior, porque conhece bem o mercado externo e melhor ainda as companhias brasileiras.
Para o advogado e consultor Antonio Penteado Mendonça, é quase uma covardia defender São Paulo como sede do pólo de resseguro, já que a cidade, por seu porte e participação no seguro, é candidata natural ao posto. Embora o Rio de Janeiro também esteja no páreo, ele considera que a questão tem de ser tratada com cautela para não provocar uma guerra entre os dois estados. Lembrou, ainda, que o pólo não poderá ser criado nos moldes do que existe no Caribe, pois não haverá incentivos fiscais, e nem no de Londres, porque, afirmou, o Lloyds só existe na Inglaterra. Em relação ao resseguro, Penteado Mendonça manifestou sua preocupação com a transferência das responsabilidades do IRB para a Susep, conforme define a lei, no momento em que órgão mudará de comando. O impacto da perda de Renê Garcia, um dos maiores especialistas do mundo em solvência e fiscalização, será maior e mais profunda do que pensa, prevê.
Fonte: Fenaseg