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Riqueza das famílias cresceu abaixo da média na última década

Os ativos financeiros brutos das famílias brasileiras aumentaram 9,4% em 2021, atingindo 2,6 trilhões de euros, o aumento mais modesto desde a crise financeira e abaixo da média de 15,6% dos últimos dez anos, aponta a 13ª edição do Relatório de Riqueza Global, elaborado pela Allianz.

A pesquisa feita em 60 países examina em detalhe a situação dos ativos e das dívidas das famílias. A razão para o desempenho abaixo do esperado se deve à inflação.

A renda disponível das famílias brasileiras deu sinais de enfraquecimento alguns meses antes dos mercados avançados.

O Banco Central brasileiro começou a aumentar as taxas de juros em 2021 para conter a alta de inflação que começou a acelerar primeiro no país em comparação ao mundo desenvolvido. Como resultado, aponta o relatório, os depósitos cresceram apenas 2,4% no ano passado comparado com a taxa de crescimento anual composto de 10,5% em dez anos.

Os ativos de seguros e dos planos de previdência privada também sofreram, com um crescimento de 3,3% contra uma média de longo prazo de 10,6%.

Por outro lado, aponta a Allianz, o crescimento dos títulos de dívida registrou 12,6%. No entanto, o endividamento aumentou 21% no Brasil, o que significa um ônus de 650 bilhões de euros sobre as famílias. Mesmo assim, a riqueza líquida das famílias brasileiras cresceu 6%, atingindo 1,9 trilhão de euros.

Com ativos financeiros líquidos per capita de 8,94 mil euros, o Brasil caiu um degrau, passando à 40ª posição no ranking dos países mais ricos, segundo a métrica de ativos financeiros per capita.

No cenário mundial, o relatório mostra que, em 2021, pelo terceiro ano consecutivo, os ativos financeiros globais tiveram crescimento de dois dígitos, de 10,4%, atingindo 233 trilhões de euros.

Em 2022, entretanto, os ativos globais recuam nominalmente mais de 2%. Nos últimos três anos, a riqueza privada deu um aumento impressionante de 60 trilhões de euros – o que equivale a adicionar duas zonas do euro ao montante das finanças globais.

O principal propulsor do crescimento foi o boom do mercado de ações, contribuindo com cerca de dois terços do avanço da riqueza em 2021. A poupança das famílias registrou redução de cerca de 19% em 2021, com 4,8 trilhões de euros, mas ainda permaneceram 40% acima do nível observado em 2019.

A composição da poupança também mudou, com a participação dos depósitos bancários caindo para 63,2%, e os títulos de dívida e ações, assim como os seguros e previdências privadas, ganhando mais relevância entre os poupadores. Como reflexo dessa dinâmica, os depósitos bancários mundiais cresceram apenas 8,6% em 2021, ainda assim o segundo maior aumento já registrado (após o salto de 12,5% em 2020). Já os ativos de seguros e fundos de pensão apresentaram uma evolução de 5,7%.

Na avaliação da Allianz, “m retrospectiva, 2021 pode ter sido o último ano de mercados de ações em franca ascensão, impulsionados pela política monetária”. O cenário para este ano e os próximos, na avaliação dos pesquisadores, é mais sombrio. Segundo o relatório, “2022 marca um momento de virada”. Conforme o documento, “a guerra na Ucrânia sufocou a recuperação pós-covid-19 e virou o mundo de cabeça para baixo: inflação galopante, escassez de energia e alimentos e o aperto monetário pressionando economias e mercados”.

Na previsão da Allianz, os ativos financeiros globais deverão recuar mais de 2% em 2022, na primeira destruição significativa da riqueza financeira desde a crise financeira em 2008. Em termos reais, as famílias perderão um décimo de sua riqueza.  

Fonte: NULL

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