Resseguro chegará à saúde
O presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (Fenasaúde) e do grupo Bradesco de Seguros e Previdência, Luiz Carlos Trabuco Cappi, quer que o segmento de planos de assistência médica disponha também das garantias do resseguro, mecanismo considerado fundamental para diluir riscos e estabilizar resultados. O acesso aos planos de resseguro de saúde é um novo desafio para o mercado, destacou, sem deixar de mencionar o grau de profissionalização da gestão alcançado nos últimos dez anos.
O titular da Superintendência de Seguros Privados (Susep), Armando Vergilio dos Santos Júnior, reconheceu o pleito e adiantou que a regulamentação da cobertura de resseguro para seguros e planos de saúde será estudada de forma conjunta pela autarquia e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Para isso, as duas entidades vão formar um grupo de trabalho com propósito de reformular e uniformizar as normas que tratam do assunto, considerando, inclusive, que a legislação atual impede as empresas de medicina de grupo e de auto-gestão recorrerem ao resseguro. Atualmente há mais de duas mil operadoras em atividade no País.
A remoção desse obstáculo ganhou importância com a abertura do resseguro e pôde ser medida no seminário internacional Resseguro Saúde, que a Escola Nacional de Seguros (Funenseg) e a Fenasaúde promoveram no Rio de Janeiro, quarta-feira última, e no qual tanto Luiz Carlos Trabuco Cappi quanto Armando Vergilio levantaram a discussão.
O superintendente da Susep destacou que a harmonia entre as entidades reguladoras é uma tendência natural. . No que se refere ao ramo saúde, ele lembrou que um dos primeiros passos foi a visita recente de toda a diretoria da Susep à ANS. Fomos muito bem recebidos. Entendemos que a sinergia é fundamental para que o processo de aprovação das normas que irão reger o resseguro no ramo saúde possa caminhar bem, acrescentou.
FUTURO. Na avaliação do presidente da Fenasaúde, Trabuco Cappi, há bons motivos para otimismo com relação ao futuro da saúde suplementar, muito embora o segmento não seja ainda muito bem compreendido pelos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e pela imprensa. Para ele, ter um plano de saúde, hoje, é objeto de desejo de 100% das pessoas. O Estado não pode mais atender a demanda de toda a população nas áreas de saúde e de previdência., sustentou, acrescentando que o mercado se profissionalizou e está pronto para atender a sociedade. Neste contexto, ele elogiou a postura da ANS, que está criando as condições necessárias para o crescimento do setor.
Esse crescimento, na visão dele, terá conseqüências importantes para a sociedade tais como o aumento da qualidade de vida, das condições de saúde e, conseqüentemente, da longevidade da população brasileira. A saúde suplementar contribui, inclusive através da utilização de equipamentos de primeiro mundo. Não queremos ser amados, mas compreendidos, afirmou, repetindo frase que costuma pontuar os seus discursos.
Trabuco Cappi assinalou ainda que o cidadão comum, em geral, não faz distinção entre as diversas operadoras do setor de saúde suplementar. Segundo o presidente da Fenasaúde, o consumidor sabe apenas que tem um plano de saúde. Para ele, o resseguro dará condições para se criar uma massa crítica suficiente para diluir riscos.
Ele disse que precisa comemorar a conquista do grau de investimento, que reforça a opinião predominante do mercado internacional, pela qual o Brasil é o destaque do chamado Brics, que inclui Rússia, Índia e China. Somos diferenciados. Os 120 milhões de pobres brasileiros têm renda similar aos 800 milhões de pobres indianos e aos 600 milhões de pobres chineses. Até nas classes mais altas, os 22 milhões de mais ricos do Brasil têm poder de compra similar a 200 milhões de indianos. Isso se reflete em todos os segmentos, comentou Trabuco Cappi.
Fonte: Jornal do Commercio