Reservas do sistema aberto encostam em R$ 80 bilhões
O volume de reservas dos planos de previdência abertos no Brasil chegou a R$ 79,728 bilhões em fevereiro, segundo a Associação Nacional da Previdência Privada (Anapp). O volume representa crescimento de 26,16% em relação ao mesmo mês do ano passado. Segundo o presidente da Anapp, Osvaldo do Nascimento, esse forte avanço revela um retorno consistente ao cenário de forte expansão do setor, verificado até o fim de 2004.
A previdência privada brasileira chegou a crescer a um ritmo de 35% ao ano quando, no ano passado, viu essa velocidade cair diante das mudanças tributárias de imposto de renda decrescente, que confundiram os investidores e os fizeram pensar duas vez antes de investir.
“Essa retomada reforça nossas projeções de chegar ao total de R$ 100 bilhões em reservas ainda no primeiro semestre”, diz Nascimento. Os dados da Anapp consideram investimentos em Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL), Vida Gerador de Benefícios Livres (VGBL), Fapi e planos tradicionais.
O aumento recente das reservas foi impulsionado principalmente pelo maior volume de contribuições. No primeiro bimestre, os depósitos subiram 21% em relação ao mesmo período do ano passado, para R$ 3 bilhões. Outro fator que ajudou a elevar o nível de reservas foi a própria rentabilidade das carteiras de previdência privada.
Nascimento, que também é diretor da Itaú Vida e Previdência, afirma que o cenário econômico brasileiro atual tem contribuído muito para o avanço da previdência privada, assim como o dos demais investimentos. “Com o país crescendo e o trabalhador tendo renda maior, aumenta a disponibilidade de recursos para as aplicações”, diz.
Mas é em um cenário de queda da taxa básica de juros (Selic) que deixa as vantagens da previdência privada em relação a outras aplicações ainda mais atrativas, diz o executivo. Tanto o ganho com a possibilidade de fazer deduções no imposto de renda (caso do PGBL) quanto o benefício de ter incidência da tributação apenas nos resgates – diferentemente dos fundos de investimento convencionais – ficam mais evidentes com o juro mais baixo, completa.
Também justifica a expectativa de continuidade do crescimento das captações da previdência privada o fato de estarmos em pleno ano eleitoral, diz Nascimento. Certamente voltarão à pauta discussões sobre a necessidade de uma nova reforma previdênciária, o que aumenta a atenção dos trabalhadores para as falhas do sistema público, diz ele. “Com isso, tendem a aumentar os depósitos no sistema privado.”
No primeiro bimestre, dos R$ 3 bilhões investidos em previdência privada, quase R$ 1,9 bilhão tiveram como destino as carteiras tipo VGBL. O PGBL recebeu R$ 637 milhões e os planos tradicionais captaram R$ 523 milhões.
Fonte: Valor