Renda fixa domina 90% dos investimentos em previdência
Apesar da queda gradual dos juros básicos nos últimos anos, o investidor de previdência complementar aberta aplica 90% de seus recursos em renda fixa. A informação consta do último relatório da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiros e de Capitais (Anbima), divulgado no dia 18 de outubro, que informa que o volume de previdência complementar aplicado em renda fixa atingiu R$ 153,3 bilhões dos 171,93 bilhões registrados até o final de setembro.
“As pessoas são emocionais. Elas ficam muito apreensivas quando ouvem notícias sobre a queda das ações em Bolsa e preferem optar por renda fixa”, afirma o superintendente de Previdência do Banco Santander Brasil, Alessandro Andrade.
De acordo com o superintendente a procura por fundos de previdência com renda variável caiu em 2010. “No ano passado, a procura era de 50% por renda fixa e 50% variável quando as bolsas subiram expressivamente, e nesse ano, essa procura caiu para 25%”, conta Andrade.
“Mas isso não faz muito sentido. Os fundos de previdência são investimentos de longo prazo. Em mercados mais maduros, as pessoas investem em fundos com uma participação maior em ações”, contextualiza Andrade.
Com 29% de crescimento em previdência em 2010, o superintendente diz que sua instituição oferece opções para o investidor escolher entre planos de renda fixa ou variável. “Mas é o investidor que escolhe qual fundo combina mais com seu perfil”, destaca.
Andrade listou três exemplos: no perfil conservador, o fundo Santander Diamante Renda Fixa rendeu 9% nos últimos 12 meses; no perfil moderado, os fundos com 20% de renda variável renderam entre 6,5% e 9% em 12 meses; e no perfil agressivo, com 49% em ações, os fundos renderam entre 8% e 10% em 12 meses.
O Santander é o quarto maior gestor de previdência complementar no Brasil e possui 8,5% de participação de mercado (cerca de R$ 15 bilhões em ativos), superado por Banco do Brasil, Bradesco e Itaú Unibanco.
O diretor executivo de Operações de Investimentos e Previdência do Itaú Unibanco, Oswaldo Nascimento, tem a percepção que o investidor é conservador por natureza. “O perfil do cliente brasileiro é prioritariamente renda fixa. Ele sempre conviveu com taxas de juros altas, não precisa tomar riscos para aumentar sua rentabilidade”, diz Nascimento.
Segundo o diretor, o setor de previdência do Itaú Unibanco já cresceu 20% em 2010, e deve avançar mais com os aportes de final de ano. “Muitos clientes poupam parte do 13° salário na previdência”, prevê Nascimento.
De fato, o segundo maior fundo de previdência complementar é o Itaú Flexprev Renda FI com R$ 35,725 bilhões em recursos poupados que rendeu 0,92% em setembro e 7,39% no acumulado do ano. “É um produto que preza pelo conservadorismo e oferece total segurança ao investidor”, justifica Nascimento.
Na mesma categoria, o primeiro fundo em volume de aportes é o Bradesco Renda Fixa FI com R$ 44,79 bilhões em recursos, rentabilidade de 0,86% em setembro e de 7,4% no acumulado de 2010.
Bradesco e Itaú Unibanco também dividem a liderança entre os fundos de previdência balanceados, chamados assim porque compõem a carteira com parte dos ativos em ações.
Segundo a Anbima, essa categoria de fundos de previdência balanceados possui R$ 9,66 bilhões em ativos. Entre eles, se destacam o fundo Bradesco FIA Master Previdência com R$ 3,44 bilhões, rentabilidade de 6,44% em setembro e de 1,17% em 2010.
Na sequência está o Itaú Unibanco Portfolio RV 49 FIE Constituído Multi com R$ 1,11 bilhão, rentabilidade de 4,06% em setembro e de 4,51% no acumulado do ano. E em terceiro, o fundo Itaú Flexprev IX V20 com R$ 1,093 bilhão, rentabilidade de 1,91% em setembro e de 5,06% no ano.
“A Bolsa vem se recuperando só agora. Tivemos essas volatilidades ao longo do ano. Isso explica porque setembro foi um mês de rentabilidade atrativa ao passo que a rentabilidade anual está abaixo da renda fixa”, detalha Oswaldo Nascimento, do Itaú.
Entre os fundos da categoria Referenciado DI que acumulou R$ 2,7 bilhões nos registros da Anbima, o Itaú Flexprev Referenciado DI FI manteve-se na liderança com R$ 1,29 bilhão em ativos, rentabilidade de 0,84% em setembro e acumulada de 7,01%.
O Banco do Brasil (BB) informou ao DCI que é o terceiro maior banco em gestão de previdência complementar com R$ 32 bilhões em recursos e 1,26 milhão de clientes ativos. O fundo de destaque do BB em 2010, é o Ciclo de Vida 2020 com rentabilidade de 8,71% nesse ano com parte dos recursos em renda variável.
Fonte: DCI OnLine