Renda fixa ainda é atraente no curto prazo
Apesar da trajetória de queda da taxa de juro básico da economia, a Selic, e do cenário político conturbado, economistas e gestores ainda veem oportunidade de investimentos atraentes para os milionários no Brasil. Na lista aparecem ativos como títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação (IPCA) de diferentes prazos, alguns fundos multimercados, fundos imobiliários e até imóveis para renda, com preços bem negociados.
Há quem diga que enquanto a Selic estiver acima de 10% ao ano com a inflação convergindo para o centro da meta, os títulos de renda fixa ainda valem a pena. “Principalmente porque ainda existem muitas ameaças no radar: China pode parar, crise política no Brasil não se resolveu por completo e eventuais surpresas na administração Trump. Tudo isso pode gerar crises domésticas e internacionais”, afirma o especialista em finanças pessoais, Mauro Halfeld. Em momentos de muita instabilidade, aplicações indexadas à Selic como fundos DI, NTN-Bs, Letras de Crédito Imobiliário (LCI) ou Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) são interessantes opções para os mais conservadores, diz.
Como o Brasil é reconhecidamente o país da renda fixa, para alguns economistas, nada leva a crer que isso vá mudar no médio prazo. Para quem suporta tomar mais risco há dentro da renda fixa opções como as debêntures incentivadas. “Tenho um estudo que mostra que historicamente a renda fixa paga melhor do que a variável. Sem contar que há histórico de muitas fraudes na Bolsa brasileira”, diz Samy Dana, professor da Fundação Getulio Vargas de São Paulo.
Como a tendência dos gestores é oferecer para esse público fundos com arquitetura aberta – em que vários outros gestores parceiros participam – a dica é que o investidor observe se cada ativo aplicado por CNPJ dentro daquele fundo não ultrapassa o limite coberto pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), de até R$ 250 mil.
O Itaú é um dos maiores distribuidores de fundos com arquitetura aberta do país. “O nosso modelo no private é de arquitetura 100% aberta. Investimos mais de R$ 20 bilhões em gestores parceiros. O cliente tem fundo exclusivo e compra investimentos também de parceiros”, diz Luiz Severiano, diretor do Itaú Private Bank. “Somos ativos em produtos isentos. Temos mais de R$ 5 bilhões investidos em produtos como CRI, CRA e debêntures de infraestrutura.”
O BTG Pactual também enxerga muita atratividade nos juros reais. “Os destaques vão para os títulos públicos e as debêntures de infraestrutura que ainda têm poucas emissões no momento, mas dada a agenda de concessões, podem trazer mais oportunidades”, avalia Rafael Mazzer, diretor da área de private banking e sócio do BTG. “Dá para fazer boas composições em fundos exclusivos combinando títulos públicos de prazos mais curtos com os mais alongados.”
Há quem já veja o cliente private em busca de diversificação. “A gente já sente isso. Além das apostas em pré-fixados e inflação, a terceira onda são os multimercados com fluxo maior e os que já começam a aceitar um pouco mais de ações. O que deve se intensificar com diminuição da taxa de juros”, afirma Beny Podlubny, head do private e sócio da XP Investimentos.
Fonte: Valor