Reflexões na hora do banho
Parei para refletir como a hora do banho é importante em nossas vidas.
Eu sempre adorei tomar banho, brincar na água a ponto de, como minha mãe conta, preferir ficar em casa na banheira, a ir para rua com ela.
No banho, além de termos o contato maravilhoso com a água, esse elemento tão importante para nossas vidas, temos um momento só nosso (pelo menos na maioria das vezes).
Nesse momento, parece que voltamos no tempo, ao útero materno, e muitas vezes desabamos, colocamos para fora as tristezas, revoltas, raivas, frustações e decepções de um dia difícil.
Muitas lágrimas já caíram, e caem diariamente, a todo momento, todos os dias, se misturando com as águas que rolam do chuveiro. Alguns sentam e deixam rolar as águas e as lágrimas, abraçados às pernas, acolhendo a si próprio. Tentando dar a sensação de proteção tão necessária, que às vezes não temos, suprir o desamor que tanto sentimos. Nessa hora, não precisamos segurar as emoções, ser fortes, corajosos, destemidos. Não precisamos de escudos emocionais para defesa.
Quantas vezes choramos até a exaustão e saímos mais aliviados e até fortalecidos depois disso. Como se água tivesse levado embora parte do que nos afligia, ou nos anestesiado.
Imagino que cada vez mais, devido à globalização e o afrouxamento das relações humanas, não encontramos tempo para ligar nos aniversários e outras datas comemorativas, para a grande maioria dos nossos conhecidos, sejam eles parentes ou amigos. E a sensação de solidão aumenta.
Ah! Mas mandamos uma mensagem por Zap, Facebook (que nos ajuda a lembrar), e-mail, Instagram etc. Essas mensagens, meus caros, recebemos até mesmo das lojas das quais somos clientes.
Onde a conversa presencial, que ajuda a chegarmos no ponto de desabafarmos com as pessoas (e elas conosco), não acontecem, os choros na hora do banho devem ficar ainda mais frequentes.
Nada contra o progresso, mas quando deixamos ele atrapalhe as relações com aqueles que amamos, sim, pois até com pais e filhos, marido e mulher, amigos, isso está bem frequente, é hora de colocarmos o “pé no freio”. De rever conceitos e atitudes.
Quando veio a pandemia em 2020, e não podíamos nos encontrar presencialmente, como gostaríamos, nos demos conta da falta que um abraço faz. Mas agora, depois que o tempo passou, e o cenário de caos foi controlado, nos permitindo novamente os encontros dos quais havíamos sido privados, parece que esquecemos da importância deles. Será que sempre precisamos perder para valorizar?
Vale a pena refletir…o tempo passa…e depressa demais. Que a hora do banho se torne cada vez mais, apenas um momento para relaxar, e não, um refúgio para chorar.