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Reflexões: Dia Internacional da Mulher

Por natureza, sou muito descrente das homenagens com dias devotados a qualquer grupo. E embora reconhecendo o mérito das 130 tecelãs que perderam a vida pelos seus direitos no incêndio em 1857, a dedicação do dia 08 de março como homenagem às mulheres, de fato, não representou avanços efetivos para assegurar os direitos das mulheres. Para melhor avaliar esse impacto, basta se analisar a evolução cronológica da homenagem e comparar com as conquistas que as mulheres, por si sós, alcançaram ao longo desses anos. Senão, vejamos. Embora a manifestação das operárias tenha sido em 08 de março de 1857, somente em 1910 foi decidido que o dia 8 de março passaria a ser o “Dia Internacional da Mulher”. Apesar dessa enorme defasagem de tempo, em total desconsideração com a iniciativa, somente no ano de 1975 a data foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU)!!! É importante observar que no ano de 1975, mesmo sem atingir o ideal, as mulheres já haviam galgado vários patamares em direção à liberdade de expressão e a responsabilidade pela condução de sua própria vida, inclusive no Brasil, onde desde 1932 já era assegurado o direito de voto às mulheres. No que se refere ao objetivo de se criar aquela data, o foco seria discutir o papel da mulher na sociedade através de diferentes formas (debates, conferências, etc.) visando identificar meios para reduzir e, a longo prazo, terminar com o preconceito e a desvalorização da mulher. Porém, o que se observa na prática, pelo menos em nosso país, é um desvio do objetivo principal, tendo a data se transformado em mais um dia para se oferecer flores, bombons e lembrancinhas às mulheres. Nada contra. Flores, bombons e presentinhos sempre são muito bem vindos. Quem não os aprecia? No entanto, o próprio desvio do foco demonstra que a homenagem é como todas aquelas que são prestadas às minorias. Oba!, oba!, hoje é festa, mas, o movimento para, de fato, melhorar as condições das homenageadas é nulo. No caso específico das mulheres, com uma situação mais alarmante ainda, pois já não somos minorias. Somos a maioria deste país, não somente em percentual da população, mas em muitas categorias decisivas para a economia. Sem desmerecer o valor das manifestações de carinho que recebemos, deixo aqui meu alerta para as irmãs mulheres para a importância de refletir sobre a homenagem e o seu significado. A todas, Feliz Dia Internacional da Mulher!

Berenice M. G. Areias

Conselheira do Clube das Luluzinhas, sócia da empresa Braservices – Serviços Técnicos de Riscos e Seguros Ltda., consultora e analista de riscos.

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