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Queda nos juros ajuda Tesouro na gestão da dívida

A queda dos Juros ajudou o Tesouro Nacional a chegar ao mês de julho com números mais favoráveis em diferentes indicadores da Dívida Pública Federal (DPF). Além de aumento no prazo médio de pagamento e no custo médio das emissões, um volume expressivo de vencimentos no mês fez o estoque total cair abaixo do estabelecido para o ano.

Dados divulgados pelo Tesouro Nacional mostram que o estoque da DPF em julho somou R$ 3,341 trilhões, uma redução nominal de 0,48% ante junho. Pelo Plano Anual de Financiamento (PAF), a DFP pode variar entre R$ 3,450 trilhões e R$ 3,650 trilhões neste ano.

De acordo com o coordenador-geral de operações de dívida pública, Leandro Secunho, o estoque deve se elevar até o fim do ano e se enquadrar no PAF por causa de emissões líquidas previstas até dezembro. No que diz respeito à Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi), o montante totalizou R$ 3,244 trilhões – o que corresponde a um recuou de 0,27% ante o mês anterior.

O custo médio acumulado nos últimos 12 meses da DPF chegou a 10,89% ao ano em julho, o menor patamar desde agosto de 2010 (10,65% ao ano). Situação semelhante também ocorreu na DPFMFi, que corresponde a 96,52% do total, em que o custo médio chegou a 11,17% ao ano, o mais baixo desde março de 2014 (11,13% ao ano).

“Houve uma queda nas taxas de juro ao longo do mês em torno de 60 a 70 basis points [0,6 a 0,7 ponto percentual], o que foi muito positivo para os custos e para as taxas de emissão”, afirmou Secunho. Segundo ele, o recuo deu condições a leilões volumosos e com grande concentração de prefixados (mais favoráveis ao governo). “O mês foi bastante positivo e os indicadores mostram isso”, frisando a queda do custo da dívida em 12 meses.

Especificamente em julho, Secunho afirma que o grande destaque para a redução do estoque da dívida pública foi o resgate de R$ 99 bilhões, o segundo maior número do ano perdendo apenas para janeiro. A maior parte dos vencimentos foi de LTN (prefixado) e de NTN-C (papel vinculado ao IGP-M e que o Tesouro não emite mais).

Isso resultou em um resgate líquido de R$ 33,95 bilhões, já esperado por causa da sazonalidade. “Os maiores vencimentos de títulos prefixados acontecem na cabeça de trimestre – janeiro, abril e outubro”, disse Secunho. Somente em outubro, o vencimento é de R$ 78 bilhões.

Com o forte volume de vencimentos de prefixados, a parcela de títulos com essa remuneração passou de 35,09% em junho para 34,27% do total. Já a parcela atrelada a índice de preços se manteve estável, de 30,25% para 30,28%. A parcela ligada à taxa flutuante, de 30,85% para 31,85% do estoque.

O Tesouro Nacional ainda recomprou R$ 108,27 milhões (US$ 33,76 milhões) em Títulos públicos da Dívida Pública Federal Externa (DPFe) no mês passado. O total financeiro desembolsado neste período foi de R$ 108,24 milhões (US$ 33,73 milhões). Secunho explicou que “julho foi um mês de completa normalidade no mercado”.

Secunho lembrou que, em maio, o Tesouro Nacional recomprou US$ 200 milhões em função da volatilidade e, em junho, esse valor foi de US$ 93 milhões. Secunho reforçou que o Programa de Recompra da Dívida Pública Federal Externa tem como objetivo prover uma saída para o investidor em momentos de volatilidade, quando o preço do título está favorável.

Apesar de a crise política ter provocado forte instabilidade no mercado, o coordenador de Operações da Dívida Pública do Tesouro explicou que a revisão do PAF não foi necessária – quando há necessidade, ela costuma acontecer em abril e agosto. “O ano tem sido mais positivo do que era nossa expectativa”, destacou, explicando que isso acontece devido à redução da taxa Selic e da queda da inflação.

O coordenador-geral de Planejamento Estratégico da Dívida Pública, Luiz Fernando Alves, destacou ainda que o Tesouro tem uma posição confortável de caixa, o que tem sido reforçada pelo “bom desempenho” dos leilões. De acordo com ele, o colchão do Tesouro suporta “seis meses ou um pouco mais” do vencimento da dívida.

 

Fonte: Valor

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