Queda artificial de preços preocupa
A hipótese dos preços de algumas modalidades de seguros caírem com a abertura das operações de resseguros está basicamente restrita a uma estratégia comercial das resseguradoras que estão chegando ao Brasil, segundo avalia o vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas de Resseguros (Aber), Henrique de Oliveira. Para ele, é possível que ocorra casos de redução de taxas de prêmios como instrumento de conquista de mercado.
Henrique de Oliveira entende, contudo, que uma política de redução de taxas não tem sustentação e, como tal, deve ter duração curta. Se a queda de preço for artificial não se manterá por muito tempo, complementa o executivo, que também é presidente da Swiss Re no Brasil.
Ele lembra que o mercado brasileiro segue as oscilações de preços do resseguro internacional já há algum tempo. A abertura reafirma essa tendência. O País irá, sem dúvida, acompanhar mais os movimentos cíclicos mundiais, comenta. Mesmo que não haja variação nos preços pagos atualmente, ele diz a abertura trará inúmeras vantagens para as empresas consumidoras. O principal benefício será o acesso a novos tipos de coberturas. Essa tendência, na opinião dele, será acentuada pela criatividade própria dos profissionais brasileiros.
A Swiss Re e a Swiss Re America receberam autorização prévia da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para atuarem no mercado brasileiro como resseguradoras admitidas. Ambas ainda precisam entregar alguns documentos ou cumprir exigências burocráticas para iniciarem de fato suas atividades, o que deve ocorrer nos próximos dias, segundo previsão feita, semana passada, pelo superintendente da Susep, Armando Vergilio dos Santos Júnior.
PESO. O mercado de resseguros mundial movimentou cerca de US$ 200 bilhões no ano passado e a fatia do grupo suíço foi de 15%. Em termos comparativos, esta participação é bem superior a de todo o mercado brasileiro, que responde por 1% da receita gerada pelo resseguro no mundo. Henrique de Oliveira acredita, no entanto, que a posição brasileira no cenário internacional tende a subir. É apenas uma questão de tempo, afirma. No Brasil, a Swiss Re pretende oferecer cobertura do resseguro para contratos nos ramos patrimoniais, rurais, de crédito e garantia, marine (cascos e transportes), engenharia e vida.
Já o consultor Fábio Torres mencionou alguns gargalos que o setor deverá enfrentar nesse momento inicial de abertura. O despreparo do pessoal técnico é um deles. Outro problema, para ele, é a inexperiência dos operadores locais para atuarem em um mercado aberto, bem como julga problemática também a burocracia, que tem reflexo negativo em um mercado dinâmico como o de resseguro. É preciso adaptar as regras locais ao que já é adotado em todo o mundo. Não podemos inventar modas, defende Fábio Torres, que é sócio do escritório Torres, Medida & Associados, com especialização no mercado de seguros e resseguros.
Ele acrescenta que as regras aprovadas pelos órgãos reguladores são boas, mas precisam ser aprimoradas no futuro, seguindo o processo natural de aprendizado. Para Fábio Torres, até mesmo as grandes empresas seguradas terão que se adaptar porque não contarão mais com o berço acolhedor do IRB Brasil Re.
Fonte: Jornal do Commercio