Mercado de SegurosNotícias

Profissionais investem no bom português

Gerente de relacionamento em um grande banco do país, Leonardo Tadeu Biondo Silva começou, recentemente, um curso de português para brasileiros na Fisk. Formado em economia e com um MBA concluído há dois anos, Silva acha complicado comunicar as necessidades da sua área nos relatórios que envia para outros departamentos da empresa. “Tenho dificuldade com a escrita e em me fazer entender através de textos”, explica o executivo de 25 anos.
Segundo Silva, para conseguir atender bem seus clientes, ele precisa argumentar por escrito com as equipes de crédito do banco e nem sempre consegue transmitir suas ideias claramente nos pareceres que apresenta.
O executivo já tinha percebido esse ponto fraco, mas o feedback de seu chefe em uma avaliação interna foi o pontapé que faltava para ele correr atrás e aprimorar suas habilidades com a língua portuguesa. “Cheguei a perder uma promoção por não ter sido bem avaliado nas competências relacionadas à comunicação”, diz ele.
Silva não está sozinho. Ao perceber uma demanda dos profissionais brasileiros por aperfeiçoamento na língua portuguesa, a rede de escolas Fisk lançou, em 2010, um programa voltado para esse público. Hoje, dois anos após o lançamento, os frequentadores do curso de português para brasileiros já representam 5% dos 500 mil alunos da rede. “O intuito do programa é atender quem tem competência técnica em sua área de atuação mas tem dificuldade com a língua portuguesa”, afirma Elvio Peralta, diretor-superintendente da Fundação Fisk.
Peralta conta que, na época do lançamento, o curso não teve muita procura. Mais conhecida pelo ensino da língua inglesa, a Fisk começou a divulgar o programa de português entre as pessoas que faziam parte de seu círculo – alunos, ex-alunos, moradores dos bairros onde há unidades instaladas e público em geral. Não deu muito certo. “As pessoas não procuram esse tipo de curso porque normalmente não sabem de suas limitações”, diz o diretor. Por isso, a rede mudou sua estratégia. Passou a divulgar o novo curso nos departamentos de recursos humanos das empresas e a desenhar programas customizados no modelo “in company”.
Segundo Peralta, 70% dos alunos do curso de português vêm das empresas, principalmente de departamentos financeiros e comerciais. A grande maioria, de acordo com ele, tem nível gerencial. “São pessoas que estão no início da carreira e começando a ascender profissionalmente”, diz. Nessa fase da vida, os jovens executivos passam a enfrentar situações em que precisam mostrar suas habilidades com a oratória, seja em reuniões, apresentações ou em textos de relatórios. É o momento em que os problemas aparecem.
As dificuldades mais comuns entre os alunos do curso de português, de acordo com Peralta, são a oralidade, escrever sem erros de concordância, falta de objetividade e clareza. Atualmente, existem 800 empresas conveniadas com a Fisk, cujos funcionários podem usufruir do curso de português.
Supervisora de recursos humanos na Klüber Lubrication Brasil, Viviane Rodrigues percebeu que precisava se aperfeiçoar no português. Ela conta que passou três anos de sua infância, quando estava no fim do ensino fundamental, nos Estados Unidos e no Canadá, o que lhe rendeu um bom domínio da língua inglesa, mas prejudicou a fluência em sua língua materna. “Eu não me sentia segura ao ter que falar em reuniões e ao avaliar jovens profissionais que ingressavam na empresa”, diz ela.
Na área em que atua, Viviane acompanha o desenvolvimento dos estagiários e coordena o “pool” de secretárias da empresa. “Muitas vezes preciso corrigir erros de gramática que eles cometem e orientá-los para que melhorem nesse aspecto. Como poderia fazer isso sem me sentir segura em relação ao domínio do português?”, diz ela.
Para resolver o problema, Viviane aproveitou o convênio que a empresa onde trabalhava tinha com a Companhia de Idiomas e fez seis meses de aulas individuais. A jornada incluía uma hora de aula, duas vezes por semana.
A assistente executiva Katia Cordeiro do Espírito Santo também se viu diante do desafio de aprimorar suas competências linguísticas. Ela conta que trabalhou em uma empresa de logística onde assessorava um dos diretores e, nessa fase, adquiriu muitos vícios de linguagem. “Meu chefe não tinha tempo e eu precisava passar as informações para ele muito rápido, usando até abreviações “, conta Katia. A experiência profissional deu à assistente o hábito de falar sempre com pressa e de usar o gerúndio em excesso.

Fonte: Valor

Falar agora
Olá 👋
Como podemos ajudá-la(o)?