Produção industrial cai em 9 de 15 locais em março
A produção da indústria caiu em 9 dos 15 locais pesquisados em março, na comparação com fevereiro, afetada principalmente pelos resultados do Pará e de São paulo, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada nesta quarta-feira (8).
No mesmo período, a produção industrial nacional caiu 1,3%, o pior resultado mensal desde setembro, conforme divulgou o IBGE na última sexta-feira (3).
As quedas mais intensas em março foram registradas nas indústrias do Pará (-11,3%) e na Bahia (-10,1%). Já a produção da indústria paulista recuou 1,3%, mesmo índice da média nacional. Na outra ponta, os estados do Espírito Santo (3,6%), Rio de Janeiro (2,9%) e Goiás (2,3%) tiveram as maiores altas.
No acumulado nos últimos 12 meses, 9 dos 15 locais pesquisados também acumulam queda, com Goiás (4,1%) e Espírito Santo (-2,3%) registrando os maiores recuos na produção.
“O resultado da indústria está sendo determinado pelo alto nível de desemprego e pelo ambiente político, que acarretam cautela na decisão de investimento por parte dos empresários e no consumo por parte das famílias”, disse o gerente da pesquisa, Bernardo Almeida.
Veja os estados que tiveram queda na produção industrial em março:
Pará: -11,3%
Bahia: -10,1%
Região Nordeste: -7,5%
Mato Grosso: -6,6%
Pernambuco: -6,0%
Minas Gerais: -2,2%
Ceará: -1,7%
São Paulo: -1,3%
Amazonas: -0,5%
Veja os locais que tiveram alta na produção industrial em março:
Espírito Santo: 3,6%
Rio de Janeiro: 2,9%
Goiás: 2,3%
Paraná: 1,5%
Santa Catarina: 1,2%
Rio Grande do Sul: 1%
Queda na produção de SP e PA pressiona indústria em março
O maior impacto na indústria nacional em março partiu do Pará, cuja produção registrou queda de 11,3%, a mais intensa desde fevereiro de 2018, quando o recuo foi 11,5%. Segundo Almeida, o intenso resultado negativo foi provocado pela paralisação de uma unidade da indústria extrativa do estado.
O pesquisador enfatizou que 86% da indústria paraense é extrativa. Assim, “oscilações ou paralisações na produção afetam consideravelmente o desempenho da indústria paraense como um todo”.
Já em São Paulo, segundo o IBGE, a indústria de veículos automotores mostrou queda devido às chuvas de março que alagaram os pátios das empresas localizados na região do ABC paulista, atrapalhando a produção, e por conta da ocorrência de greves.
“Além disso, houve greve no setor e antecipação da produção de março para fevereiro”, explicou o pesquisador, ressaltando que a região de São Paulo representa 34% da indústria nacional.
Na comparação com março do ano passado, São Paulo registrou queda de 7,3%. Foi o pior resultado para um mês de março desde 2016, quando teve queda de 12,8%. Além disso, foi a queda mais intensa desde abril do ano passado, quando recuou 9,2%.
Segundo o IBGE, o patamar de produção da indústria paulista está 21,6% abaixo de seu ponto mais alto, alcançado em março de 2011. Na indústria nacional, essa distância é de 17,6% – o pico da produção brasileira ocorreu em maio de 2011.
No ponto oposto, a indústria fluminense registrou o maior impacto positivo no mês. Com alta de 2,9% na comparação com fevereiro, ela eliminou parte da perda acumulada de 3,2% nos dois meses anteriores. “Esse aumento da produção no Rio de Janeiro foi devido a uma influência positiva do setor extrativo e de derivados de petróleo”, disse o porta-voz do IBGE.
MG tem pior resultado em 4 anos
Pelo segundo mês consecutivo, a indústria mineira registrou queda de sua produção. Na comparação com fevereiro, o recuo foi de 2,2%. Já em relação a março do ano passado, a queda foi de 8,2%. “Foi o pior março desde 2015, quando houve queda de 8,8%”, destacou o analista do IBGE, Bernardo Almeida.
O baixo resultado em Minas tem relação direta com o rompimento da barragem de Brumadinho, ocorrida no dia 25 de janeiro. No primeiro trimestre, a produção industrial no estado acumulou queda de 2,5%. Nos últimos 12 meses, a queda acumulada foi de 1,3%
Devido ao rompimento da barragem, Minas teve várias unidades de sua planta paralisadas por questões ambientais e de segurança. Essas plantas abasteciam outros setores, não apenas o extrativo”, explicou o pesquisador.
A Vale informou que sua produção de minério de ferro caiu 11,9% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo a empresa, o resultado é justificado pela tragédia em Brumadinho, já que a produção teve de ser suspensa em diversas unidades.
Fonte: NULL