Previdência privada: Custos elevados interferem no retorno
O segmento de previdência, em comparação aos fundos de investimento tradicionais, acaba custando mais para o aplicador. Além da taxa de administração anual, para remunerar o gestor dos recursos, é cobrada uma taxa de carregamento para cobrir despesas com corretagem, que incide na forma de um percentual sobre toda contribuição. Em um plano com taxa de carregamento de 5%, um aporte de R$ 100 significa na prática a aplicação de R$ 95.
“Em geral, seguradoras ligadas a bancos têm taxas de carregamento e administração altas para pequenos valores, o que compromete o retorno”, diz o diretor da área de vida e previdência da corretora Quorum Saúde, Seguros e Previdência, Marcello Rudge Ramos.
Ele ressalta, no entanto, que há planos com taxa de carregamento decrescente, podendo chegar a zero (independente do valor do aporte), desde que o cliente fique com a seguradora por um período predeterminado. Para os casos de planos que fixam o carregamento segundo o valor aplicado, Ramos diz que o melhor é juntar dinheiro para fazer aportes maiores e, assim, desfrutar de menores custos.
Renato Donatello, da Brasilprev, lembra que o fundo de previdência vai muito além da gestão de recursos, uma vez que está sempre associado a um plano que tem o benefício da conversão do capital acumulado em renda vitalícia. “Esse é um dos atributos que diferenciam a previdência de um fundo tradicional e precisa ser colocado no preço, já que incorre em risco para a seguradora.”
Para Ramos, da Quorum, o participante deve se preocupar mais com a fase de acumulação e, portanto, com as taxas do que com o benefício no futuro. Além de não haver um mercado de renda no país, pois a previdência ainda está em fase de formação de poupança, as condições definidas pelas seguradoras para a conversão são muito conservadoras. “Com taxa de juros de 13%, não faz sentido comprar renda hoje”, diz.
O participante deve levar em conta os benefícios fiscais da previdência. Mas Ramos diz que a modalidade só começa a valer a pena a partir de seis anos. Isso por conta da não incidência do come-cotas semestral como num fundo de investimento – o imposto só é pago no resgate – e se a opção for pela tabela regressiva de imposto de renda, que começa com 35% e vai caindo a cada dois anos até chegar a 10%, acima de dez anos. (AB)
Fonte: Valor