Previdência: bancos ainda detêm 90% das reservas
Dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que os fundos de previdência captaram R$ 20,5 bilhões em 2020, até outubro, mesmo em um período marcado pelas incertezas da pandemia.
A crise, contudo, levou o volume a ficar abaixo do registrado em igual intervalo de 2019, quando entraram R$ 27,6 bilhões, embora acima dos R$ 16 bilhões nos dez primeiros meses de 2018.
No segmento de previdência, além da captação de dinheiro novo, as gestoras recebem recursos oriundos da portabilidade permitida pela legislação.
Mesmo porque, dos cerca de R$ 964,5 bilhões em ativos sob gestão em veículos de previdência, aproximadamente 90% ainda estão concentrados nos grandes bancos. E o conservadorismo reina, já que quase 80% do valor está na classe da renda fixa, embora a Selic esteja na mínima histórica.
Esse quadro fez as portabilidades cedidas pelas seguradoras somarem 136,2 mil contratos em 2020, até setembro, com um volume movimentado correspondente a R$ 21,8 bilhões, segundo informações da Superintendência de Seguros Privados (Susep).
Em 2019, com o tema da reforma da Previdência diariamente no noticiário, as transferências já haviam sido em ritmo intenso – foram 164,7 mil portabilidades cedidas no ano passado, com um giro financeiro de R$ 31,1 bilhões.
Quem está de olho nesse filão da previdência privada dos grandes bancos são as gestoras de recursos independentes.
De acordo com dados da XP Seguros, em 2018, havia aproximadamente 90 assets brasileiras com produtos de previdência na prateleira. Em setembro de 2020, o universo havia saltado para quase 130 casas, uma alta de 45%, impulsionada pelo próprio desenvolvimento do mercado de gestoras de recursos por conta dos juros baixos.
Elas se valem da expertise dos profissionais para oferecer fundos que seguem a mesma tese de investimento dos principais fundos multimercados, de ações ou de renda fixa, com pequenas nuances por conta da regulação, relativas, por exemplo, ao nível de alavancagem.
Levantamento da Economatica mostra que, nos 12 meses encerrados em setembro, foram lançados quase 600 fundos de previdência, de casas tradicionais, como Brasilprev, Bradesco, Itaú e Safra, e de independentes, como Absolute, Quasar, Perfin, Dahlia, Giant Steps e Persevera, entre outras.
Novo normal na previdência privada
Nascida em abril de 2019, em um ambiente de juros já em queda e com os investidores em busca de alternativas mais rentáveis, a XP Seguros tem cerca de R$ 10 bilhões em ativos sob custódia, com cerca de 85% do total oriundo de portabilidades, diz Roberto Teixeira, presidente da seguradora.
Para atender a uma nova demanda gerada pela falta de prêmio na renda fixa, dos quase 90 produtos estruturados com gestoras parceiras, por volta de 50% são multimercados e 15%, de renda variável.
Como base de comparação, o mercado de previdência como um todo tem cerca de 15% em fundos multimercados e menos de 1% em produtos dedicados a ações, de acordo com dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi).
“Em 2020, os fundos de previdência de ações não cresceram tanto, muito por conta da volatilidade alta, mas em 2021, com uma economia mais estável, é uma categoria que deve ganhar relevância”, diz Teixeira, acrescentando que a proposta de longo prazo da previdência casa bem com o investimento em Bolsa.
Fonte: NULL