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Previdência ajuda no alongamento da dívida

Previdência ajuda no alongamento da dívida
Diante das perspectivas de manutenção da taxa básica de juros, a Selic, em seus menores níveis históricos, fundos de pensão se mexem em busca de maior rentabilidade e voltam os olhos para títulos do Tesouro Nacional de longo prazo atrelados à inflação. O movimento tem dois efeitos. O primeiro é uma melhora da composição dos próprios regimes de previdência, que vão finalmente casar uma parte cada vez maior de seus passivos com os ativos. Segundo, ajudam na estratégia de alongamento da dívida pública federal interna.
“Está havendo um alongamento muito grande da dívida. Há uma demanda expressiva de grandes investidores”, disse Fernando Garrido, coordenadorgeral de operações da dívida pública federal.
Segundo ele, no leilão de troca ocorrido em meados de agosto, os detentores se desfizeram de R$ 14,9 bilhões, dos quais R$ 12,7 bilhões eram de Notas do Tesouro Nacional -série B (NTN-B), corrigido pela inflação mais um prêmio, e R$ 2,2 bilhões de Letras Financeiras do Tesouro (LFT), com rentabilidade pela taxa básica e vencimento de curto prazo. Os investidores compraram NTN-B no montante de R$ 6 bilhões a vencer em 2050 e R$ 3,4 bilhões, em 2040.
“Não temos informações de cada investidor que participou, mas as instituições financeiras nos passaram que boa parte era de previdência”, afirmou o coordenador, lembrando que a elevação da demanda tem razão de ser. Segundo a medição feita em conjunto pela Anbima e o Tesouro, nos últimos 12 meses encerrados em agosto, os papeis chamados “selicados” renderam 10%, enquanto os prefixados, 15,4%. Já aqueles que tem o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) como parâmetro, 22,9%.
Garrido não quis comentar se o aumento também poderia ser uma antecipação às novas regras nos fundos de pensão aberto que estão sendo gestados pela área econômica do governo e que prevêem limitação do patrimônio vinculado a aplicações de curtíssimo prazo, como o CDI.
Dados divulgados ontem pelo coordenador apontam que esse segmento vem reduzindo bem sua participação em papeis atrelados à Selic. Mas em sua maior parte carregam títulos prefixados (Letras do Tesouro Nacional,LTN), com prazo de vencimento menor do que a NTN-B. Em agosto, do total da carteira dos fundos de previdência, 73,3% era de prefixados, 17,2% de inflação e 9,4%, com rentabilidade flutuante.
A busca por NTN-B favorece a estratégia do governo de aumentar o prazo médio da dívida pública. No mês passado, justamente por causa do leilão de troca, foi possível alcançar o maior nível da série histórica: 4,05 anos. Esse tempo para o vencimento dos títulos ficou acima, inclusive, do teto de 3,8 anos previsto no Plano Anual de Financiamento (PAF). Garrido acha que, em dezembro, é possível que se situe em torno dessa banda, ou até um pouco acima.
A meta do Tesouro é elevar esse prazo para entre cinco e seis anos. Mas, de acordo com Otavio Ladeira, coordenador-geral de planejamento da dívida pública, isso deve ocorrer “ao longo do tempo.”
A dívida pública federal encerrou o mês em R$ 1,867 trilhão, um recuo de 0,51% ante R$ 1,876 trilhão apurado em julho. Abaixo, portanto, da faixa entre R$ 1,95 trilhão e R$ 2,05 trilhão planejada pelo governo.

Fonte: Brasil Econômico

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