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Porto Seguro gasta mais para manter liderança de mercado

Líder disparada do mercado nacional de seguros de automóveis, com mais de 20% de participação, e dos dois principais centros consumidores do País, como São Paulo (33%) e Rio de Janeiro (23%), a Porto Seguro está cada vez mais exposta à mira da concorrência acirrada por essa atividade, que deverá movimentar mais de R$ 20 bilhões em prêmios neste ano.
Pressionada principalmente por seguradoras vinculadas a bancos, que contam com maior margem de manobra de preço na oferta de produtos, a Porto decidiu fazer frente aos ataques das rivais, sedentas por mais espaço na Região Sudeste, e viu seus resultados no ano serem parcialmente consumidos por gastos com publicidade e com reforços e incentivos da área comercial.
O processo de elevação dos juros básicos a partir de abril e a volatilidade do mercado de capitais, gerada pela crise financeira internacional, reforçam as pressões. As ações da seguradora, listada na bolsa desde 2004, registram desvalorização de 48,58% no ano, enquanto a queda do índice Ibovespa no período é de 43,66%
O lucro líquido no terceiro trimestre recuou 42%, fechando em R$ 75 milhões contra R$ 129,4 milhões no mesmo período de 2007. As receitas da seguradora, incluindo prêmios de seguros e captação de recursos de previdência privada, cresceram 18,4% de julho a setembro deste ano, para R$ 1,5 bilhão. As despesas, porém, subiram em proporções superiores: 30,3%, passando de R$ 1 bilhão para R$ 1,4 bilhão, sempre considerando os terceiros trimestres de 2008 e 2007. No primeiro semestre deste ano, a companhia distribuiu R$ 129,7 milhões em juros sobre capital e dividendos para seus acionistas.
Segundo Fabio Luchetti, vice-presidente-executivo da Porto Seguro, parte expressiva dos gastos está baseada em ações publicitárias – média de R$ 18 milhões, R$ 19 milhões por trimestre. “Com a concorrência um pouco mais acirrada achamos conveniente investir mais em publicidade neste ano para trazer à tona o jeito Porto Seguro de ser. As despesas de comercialização e administrativas estão um pouco acima das nossas expectativa devido às campanhas de venda do seguro de automóvel e à e maior despesa para reforçar nossa equipe comercial para sustentar crescimento fora de São Paulo.”
Guerra de preço
Henrique Serrano, analista do mercado segurador da Santander Corretora, diz que a guerra de preço ameaça a condição de líder da Porto Seguro. “O produto seguro será cada vez mais vendido no País como uma commoditiy, ou seja, o que interessa é o preço.” Serrano questiona se a seguradora terá capacidade para competir de igual para igual com companhias apoiadas por bancos. “Quando um banco decide ampliar a carteira de veículo, até aceita perder um pouco de dinheiro, mas tem uma carta na manga, que é a venda cruzada. Se o banco tiver o cliente do seguro por um ano, ele tem a chance de vender outros produtos mais rentáveis”, afirma.
De olho no espelho retrovisor, Fabio Luchetti reconhece que as rivais estão cada vez mais perto. “Algumas seguradoras de bancos chegam a oferecer um produto com o preço 30% abaixo do mercado. A guerra de preço afeta nosso resultado no curto prazo, mas tentamos sustentar isso no longo com bom atendimento e serviços, produtos diferenciados e ótimo relacionamento com nossos corretores.” O executivo revela que a Azul Seguros, empresa da Porto que oferece produtos a preços mais competitivos, faz parte da estratégia para a empresa não perder mercado. “Azul está crescendo mais que a Porto. Para acompanhar os players nosso trabalho é insistir na política de serviço, descer o preço até onde acharmos legítimo e trabalhar o marketing promovendo nossa rede de serviços”, conta Luchetti.
Para Henrique Serrano, a Porto Seguro tem liquidez e caixa necessários para enfrentar a competição via aquisições. “Um dos valores da companhia é que ela é muito líquida, não precisa de capital. Olhando para o mercado, a Porto está em posição vantajosa para fazer aquisições. Estamos num momento em que o dinheiro em caixa vale mais, logo pode fazer boas compras na bacia das almas do mercado, partindo para um crescimento que não é orgânico”, considera.
Para o analista do Santander, apesar da forte desvalorização no ano, na esteira da volatilidade que atingiu toda a bolsa brasileira, as ações da Porto sustentam fundamentos para serem negociadas. “O quarto trimestre pode ser um período bom para entrar, mas é uma recomendação para o curto prazo”, opina Serrano, para quem o preço-alvo do papel carrega valorização de 43%, chegando a R$ 15 em dezembro de 2009. A Fator Corretora projeta preço de R$ 21,10 para a mesma data.

Fonte: Gazeta Mercantil

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