Polícia tem diversos indicativos de que boate não deveria funcionar
O delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony, afirmou nesta terça-feira (29) que a Polícia Civil tem ” diversos indicativos” de que a boate Kiss estava irregular e não podia estar funcionando. O incêndio na casa noturna durante festa universitária no domingo (27) matou 231 pessoas.
“Nós temos diversos indicativos de que a casa não podia estar funcionando. Se a boate estivesse regular, não teria havido quase 240 mortes”, afirmou o delegado em entrevista coletiva em frente ao Ministério Público da cidade, onde participou de uma reunião com integrantes do órgão para discutir o caso.
Segundo o delegado, a prova preliminar aponta fragilidade de “5 ou 6 circunstâncias relacionadas à casa noturna”. Entre elas, ele cita a porta e a lotação. “A prova aponta que havia irregularidades, mas isso ainda é preliminar e precisa ser corroborado pelos depoimentos das testemunhas e os laudos periciais”.
Arigony diz que há a previsão de que mais de mil pessoas sejam ouvidas no inquérito. “Haverá a responsabilização de quem ou o qual órgão que tiver que ser responsabilizado”, afirmou, acrescentando que espera receber a documentação da prefeitura e do Corpo de Bombeiros sobre a situação do local ainda nesta terça.
Segundo o delegado Marcos Vianna, responsável pelo inquérito, quatro fatores contribuíram para que o incêndio na Kiss deixasse tantas vítimas:
Saída únicaA boate tinha apenas uma saída, usada tanto para entrada e saída de pessoas, com porta de tamanho reduzido. Não havia saídas de emergência. A porta, quando totalmente aberta, chegava a uma largura de 3 metros. A grade colocada para organizar a fila do lado de fora e atrapalhou a passagem das pessoas.
Sinalizador em local fechadoO uso de um sinalizador dentro da casa noturna durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira. Faíscas do equipamento atingiram a espuma do isolamento acústico no teto da boate, dando início ao fogo que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.
Excesso de pessoasDe acordo com os bombeiros, levando em conta o tamanho da boate, o limite de público deveria ser de 691 pessoas dentro da boate. A estimativa de público presente no dia era de cerca de 1.300 pessoas, mas só o laudo da perícia deverá atestar o dado.
Material do revestimentoO material usado no revestimento não era o mais indicado e pode ter contribuído para a formação de gás tóxico que provocou as mortes. De acordo com Moacyr Duarte, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em risco e emergência, o ideal é que elas contenham acabamento ignífugo, um tratamento têxtil para retardar o fogo em caso de incêndios.
Fonte: G1