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Podemos ter Selic de um dígito no fim do ano

Os próximos meses serão definitivos para o futuro imediato da política de juros do Banco Central, segundo José Márcio Camargo. Para o professor do Departamento de Economia da PUC-Rio e executivo da Opus Investimentos, o governo terá de ditar o ritmo de revisão da taxa de juros de olho na definição da política econômica de Donald Trump, a partir do próximo dia 20, e do andamento de reformas, como a previdenciária. A seguir, trechos da entrevista ao Estado.

l Como interpretar a queda de 0,75 ponto porcentual na taxa de juros? O governo tem pressa?

O porcentual de queda maior agora não é totalmente fora de propósito, embora eu acredite que uma redução mais conservadora, de 0,5 ponto porcentual, tivesse sido melhor, até para sinalizar mais segurança para o mercado de que poderemos chegar a uma taxa mais baixa no fim do ano. Ainda assim, podemos chegar a uma Selic de um dígito, abaixo de 10%, se tudo der certo e a inflação permanecer controlada.

De qualquer modo, 0,25 ponto não é tão importante, ao se pensar que a taxa de juros estava nas alturas. O governo sabe que tem de mexer nos juros para aquecer a economia.

l As mudanças na Selic têm sido operadas em um ritmo correto?

Sim, o Banco Central demonstrou que tentava levar as expectativas de inflação à meta, de 4,5%, resistindo a uma pressão de mexer nos juros antes do tempo. Isso sinalizou para o mercado que a preocupação com a meta de inflação era real, o que era necessário, pois essa equipe pegou um BC com pouca credibilidade, fruto da leniência dos últimos anos.

l Como deverão ser as próximas reuniões do Copom?

Os próximos meses vão ser definitivos para o futuro da taxa básica de juros. O Banco Central terá de operar de olho no sucesso do governo Temer em aprovar reformas, como a previdenciária, propor mudanças nas regras tributárias e ainda seguir uma política fiscal correta, sem alta de gastos.

Também teremos de ver como vai se comportar Donald Trump na Casa Branca.

l O cenário internacional pode influir nas decisões do Copom?

Sim. Caso Trump cumpra suas promessas protecionistas e suba gastos, haverá alta da inflação.

O Fed (o BC americano) será obrigado a assumir uma postura mais dura e subir mais os juros. Se o cenário externo se deteriorar, o Brasil terá de rever seus planos.

Fonte: O Estado de São Paulo

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