Petrobras é diamante entre as petrolíferas
As preferenciais (PN, sem voto) e as ordinárias (ON, com voto) da companhia passaram o dia entre as maiores altas e foi graças a isso que o Índice Bovespa não fraquejou mais, conseguindo a árdua missão de se descolar das bolsas americanas, que passaram boa parte do pregão no vermelho. As PNs da Petrobras subiram 1,78% e as ONs, 1,73%, contribuindo para que o Ibovespa fechasse em leve alta de 0,45%, em 63.481 pontos.
A descoberta do megacampo de Tupi o mês passado foi um divisor de águas para o destino da companhia e melhorou de forma significativa as projeções dos analistas sobre o seu futuro e de seus papéis. Desde o dia 8 de novembro, quando a empresa divulgou qual seria o tamanho do campo de Tupi, as PNs já subiram 6,05% e as ordinárias, 7,32%, enquanto o Ibovespa caiu 0,03%. Segundo o analista de petróleo, gás e empresas químicas para América Latina do banco Santander, Christian Audi, os investidores globais especializados em energia, os grandes compradores das ações de petróleo pelo mundo, procuram empresas que se encaixem na sigla ARP: “A” de acesso a novas descobertas de petróleo, “R” de reservas grandes e sustentáveis e o “P” de produção de petróleo crescente. “Por mais óbvio que pareça, o investidor procura companhias com esses três predicados, mas está cada vez mais difícil encontrá-las, a Petrobras sem dúvida está entre essas poucas”, diz Audi.
O campo de Tupi, por exemplo, garante com folga o “A”. “Essa descoberta é a maior do mundo desde 2000 e a maior da história em águas profundas”, diz o analista do Santander. Quanto ao “R” a Petrobras também não deixa a desejar, com reservas que garantem uma produção por 19 anos enquanto que a média entre as maiores petrolíferas americanas e européias é de 12 anos. Já com relação ao “P”, a produção da empresa brasileira deve crescer entre 7% e 8% ao ano, nos próximos dois anos enquanto que a média global é um crescimento em torno de 4% ao ano no mesmo período, lembra Audi. “Todo esse pacote revela como a Petrobras é atraente até comparada com as maiores e mais rentáveis petrolíferas no mundo”, diz o analista. Apesar do custo maior para extrair petróleo em águas profundas, pelos cálculos de Audi, só o campo de Tupi deverá agregar R$ 7,55 nas ações ON da Petrobras que ontem fecharam a R$ 87,49. “O negócio só não será rentável se o petróleo, no longo prazo, ficar abaixo dos US$ 35, o que parece pouquíssimo provável”, afirma o analista, que projeta a commodity em US$ 70 no longo prazo. Por tudo isso, Audi aumentou o preço-alvo para as ONs da Petrobras para dezembro de 2008 de R$ 83 para R$ 108, 23,4% acima do fechamento de ontem.
Fonte: Valor