Petrobras chama estrangeiras para retomar obras
A Petrobras anunciou nesta quarta-feira (11) que retomará as obras da unidade de processamento de gás natural do Comperj, o complexo petroquímico em instalação em Itaboraí, região metropolitana do Rio.
Para isso, lançou concorrência no valor de R$ 2 bilhões e convidou cerca de 30 empresas, a maioria de capital estrangeiro.
A Petrobras não divulgou os nomes das empresas. Reportagem publicada nesta quarta pelo jornal “Estado de S.Paulo” diz que entre as convidadas estão a alemã Thys-senKrupp, a chinesa Chalie-co e a espanhola Acciona.
A obra do Comperj é investigada pela Operação Lava Jato e sua principal unidade, de refino de petróleo, ainda não tem prazo de conclusão.
A unidade de gás é uma estrutura secundária ao projeto que receberá e processará o gás vindo dos campos no pré-sal na bacia de Santos, a partir de 2020.
Em café da manhã com jornalistas na sede da empresa, no centro do Rio, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, ressaltou que o movimento não significa a retomada do Comperj, mas que a unidade será importante na atual estrutura de produção da empresa.
RANÇO IDEOLÓGICO
Parente foi questionado sobre a hipótese de o convite a empresas estrangeiras ter sido proposital, dado que as principais construturas brasileiras estão impedidas de fechar contrato com a Petrobras em razão da Lava Jato.
Ele argumentou que a maior parte das convidadas é de empresas com matriz no exterior, mas com operações e empregados no Brasil. Parente adiantou-se a possíveis críticas ao uso de empresas estrangeiras, o que classificou de “ranço ideológico”.
“Não acho que empresas instaladas no país, com empregados e unidades no Brasil, são empresas estrangeiras. Dizer que são estrangeiras é ranço ideológico. Para todos os efeitos, são empresas brasileiras”, disse.
O diretor de desenvolvi- mento da produção e tecnologia da Petrobras, Roberto Moro, afirmou que a escolha atendeu critérios técnicos e de integridade financeira das empresas.
Já o diretor de governança corporativa, João Elek, afirmou que a Petrobras aguarda o desbloqueio de empresas brasileiras para futuras contratações.
Atualmente, cerca de 20 empresas estão impedidas de fazer negócios com a Petrobras em razão das investigações da Operação Lava Jato, desde 2015. Entre elas, estão, por exemplo, a Odebrecht e a Engevix.
Elek disse que a Petrobras acredita que ainda neste ano haverá o desbloqueio dessas empresas para que possam fazer contratos com a estatal.
Isso só poderá ocorrer, contudo, a partir do fechamento de acordos de leniência das companhias com a CGU (Controladoria-Geral da União), algo que se arrasta desde 2015.
Fonte: Folha de São Paulo