EconomiaNotícias

Perspectiva positiva para a Bolsa, com ajuda da Selic

Os sinais de retomada da economia mostram que ela se dará a passos lentos, mas, ainda assim, os analistas estão confiantes de que a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) terá um desempenho positivo este ano. A aceleração da queda da taxa básica de juros (Selic), na semana passada – o Banco Central (BC) fez um corte de 0,75 ponto, para 13% ao ano -, corrobora essa expectativa. Entre os mais otimistas, a aposta é que o índice de referência chegará aos 75 mil pontos em dezembro, o que seria a maior pontuação do Ibovespa em seus quase 50 anos de história. Sua valorização, nesse caso, atingiria quase 25% – abaixo dos 38,9% registrados em 2016, mas ainda assim um avanço significativo.

No cenário interno, contribuem para essa expectativa a trajetória de redução da Taxa Selic, a possibilidade de novas concessões e um ambiente de maior confiança. Esses fatores devem abrir espaço para o crescimento do lucro das empresas e, consequentemente, para a valorização dos papéis negociados em Bolsa.

Para André Carvalho, chefe da área de análise do Bradesco BBI, nem mesmo a turbulência externa, com a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, e as incertezas políticas no Brasil estão conseguindo frear esse bom humor. No entanto, ele recomenda que o investidor seja bastante seletivo ao colocar dinheiro na Em resumo, será um ano de valorização, mas restrito a determinados papéis.

– Acreditamos que o Ibovespa pode chegar perto dos 73 mil pontos em 2017, o que é uma valorização em torno de 25%, e que a taxa de juro média vai cair. Ou seja, será possível conquistar um rendimento bem superior ao da renda fixa. Mas há risco, e o investidor precisa ser bastante seletivo na escolha de sua carteira – avalia.

RECURSOS ESTRANGEIROS

Da carteira do Bradesco para o ano, Carvalho destaca as empresas que ganham com a queda de juros, uma vez que a Selic deve ter uma redução expressiva e, inclusive, voltar para a casa de um dígito. Entre elas estão a Transmissão Paulista, Cesp e Copel. As estatais que estão passando por um enxugamento de despesas também podem ter uma recuperação de preços, como Petrobras e Banco do Brasil. Ainda entre as prediletas do banco, estão a exportadora Klabin, a Raia Drogasil e a BM&FBovespa.

A queda dos juros é um fator que beneficia de forma direta e indireta os negócios na Bolsa de Valores. Primeiramente, com uma Taxa Selic mais baixa, o investidor começa a ficar mais propenso a tomar risco, sentindo-se mais confortável em migrar parte de suas aplicações para a renda variável. Mais gente na Bolsa significa valorização dos papéis. O segundo ponto é o endividamento das empresas. Muitas têm empréstimos elevados e atrelados à variação da Selic. Se a taxa cai, cai a despesa fimular nanceira e aumenta o lucro, o que justifica o investimentos nesses papéis.

– Estamos otimistas. Já temos alguma sinalização de crescimento na economia e vemos uma redução da alavancagem das empresas. A queda da Selic vai se refletir no resultado das empresas ao longo do ano. Não veremos lucros excepcionais, mas crescentes – afirma Marco Saravalle, analista da XP Investimentos.

André Rosenblit, diretor de mercado de capitais do Santander, é um dos mais otimistas com a Bolsa neste ano. Do lado externo, ele vê uma liquidez abundante de recursos, ou seja, os estrangeiros estarão interessados em colocar o dinheiro aqui. Internamente, a redução dos juros pode estiBolsa. mais pessoas a apostarem na renda variável.

– Nos países emergentes, cerca de 5% da população investe na Bolsa, mas no Brasil isso chega a 400 mil pessoas físicas, 0,2% da população, o que é muito baixo. Isso é compreensível por causa dos juros elevados, mas a queda deve ser alta, o que torna a Bolsa mais atraente – diz Rosenblit, acrescentando que, para cada um ponto percentual de corte na Selic, a bolsa tende a subir entre 8% e 10%. – Achamos que a Bolsa pode atingir 75 mil pontos até dezembro.

Entre os papéis que ele destaca estão Banco do Brasil, Bradesco e BM&F Bovespa.

– O BB tem um potencial grande devido ao corte de custos. No caso do Bradesco acreditamos que o mercado ainda não colocou no preço do papel os benefícios com a compra do HSBC Brasil. O mesmo com a BM&FBovespa, em que apostamos em ganhos de sinergia com a Cetip – explica Rosenblit, citando Hypermarcas, Taesa, Sabesp, Cosan e Metal Leve como outras ações que devem ter um forte desempenho ao longo de 2017.

RISCO POLÍTICO NO RADAR

O economista-chefe do Banco Votorantim, Roberto Padovani, também vê uma forte relação entre queda dos juros e alta da Bolsa. Com isso, devem sair na frente as empresas que se beneficiam com uma Selic menor, como as do setor de energia, as administradoras de shopping center e as concessionárias de rodovias. Em um segundo grupo, as companhias mais endividadas.

– As empresas de varejo se beneficiam menos da taxa de juros porque estão mais atreladas ao ciclo econômico. Elas até capturam a queda da inflação e dos juros, mas o desemprego ainda está em alta, e isso não favorece o consumo – afirma Padovani.

Apesar do otimismo, ele vê uma série de riscos associados à economia brasileira, que podem prejudicar o ciclo de alta da Bolsa. O principal é o risco político. O Votorantim estima que o Ibovespa chegue ao fim de dezembro aos 65 mil pontos, ou seja, perto do patamar atual.

Já para a Spinelli Corretora, o Ibovespa pode fechar 2017 aos 71 mil pontos. A carteira recomendada conta com 12 papéis, entre eles Itaú Unibanco, Braskem, Petrobras, BM&FBovespa, Grendene e Eztec.

– A curto prazo, o mercado imobiliário não se recupera. Mas, no decorrer do ano, provavelmente mais para o fim de 2017, pode haver uma recuperação, por isso colocamos uma empresa do setor na carteira. Achamos a Eztec, apesar de toda a retração nesse segmento, uma empresa interessante – afirma Samuel Torres, analista da Spinelli.

No dia seguinte à decisão do Copom, as ações do setor imobiliário tiveram forte alta, já que, com juros menores, o financiamento da casa própria pode voltar a caber no bolso do consumidor. Na ocasião, a Eztec subiu 3,35%. Já a Gafisa saltou 7,55%, enquanto a Cyrela teve alta de 2,99%.

Fonte: O Globo

Falar agora
Olá 👋
Como podemos ajudá-la(o)?