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Pequenos cuidados garantem bem-estar

Companhias oferecem coberturas adicionais aos seguros de riscos pessoais para conquistar o consumidor
Pesquisa realizada pelo Ibope a pedido da Icatu Seguros aponta que 12% dos brasileiros possuem seguro de vida, mas apenas 5% o fazem voluntariamente. Os demais 7% contam com o seguro como benefício nas empresas onde trabalham. Na avaliação de Aura Rebelo, diretora de produtos da Icatu, o brasileiro ainda não despertou para a contratação de seguros para garantir o bem-estar de sua família diante de uma eventualidade adversa. O que indica que existe um grande potencial de crescimento do mercado de seguros pessoais no país. “O desafio das seguradoras é entender quais são as demandas do consumidor.”
O desenvolvimento de produtos abrange não apenas o seguro de vida, mas todo o ramo de seguros pessoais, que inclui ainda acidentes, auxílio funeral, viagens, educação, desemprego eprestamista, que cobre prestações de financiamentos. “São segmentos que começam a amadurecer no país e apresentam boas perspectivas de negócios”, diz Osvaldo Nascimento, presidente da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi).
Em 2012, a carteira de prêmios emitidos de seguros pessoais totalizou R$ 21,8 bilhões, com crescimento de 14,45%. O ramo vida, que soma a maior carteira entre os seguros pessoais, com R$ 9,2 bilhões em prêmios, cresceu 6,96%, Em outros segmentos, porém, a evolução dos negócios é bem mais dinâmica. A carteira de seguros prestamistas cresceu 29,49% em 2012, chegando a R$ 5,8 bilhões. Os seguros educacionais evoluíram 42,24%, para R$ 27 milhões, e os de viagem deram um salto de 59,28%, fechando o ano com R$ 68 milhões em prêmios.
A expectativa na Fenaprevi é de que esse patamar, acima de 15% ao ano, se mantenha pelo menos até 2015. Para Nascimento, as precondições para esse desempenho estão dadas. O país vive um ciclo prolongado de estabilidade econômica e ganho de renda. Além disso, a queda na taxa de juros nos últimos dois anos tornaram as aplicações financeiras menos atraentes e os consumidores ficaram mais suscetíveis ao argumento de garantir o futuro de suas famílias por meio de seguros. “As seguradoras, porém, precisam demonstrar como seus produtos agregam valor à vida das pessoas.”
Por meio da pesquisa do Ibope, a Icatu detectou algumas das principais demandas dos consumidores. As pessoas de baixa renda querem reduzir os custos e, para isso, se interessam por produtos que agreguem sorteios de dinheiro ou da quitação de mensalidades. Um pleito de todas as classes sociais é agregar serviços aos seguros. Alguns exemplos: assistência psicológica para vítimas de acidente e, no caso de falecimento, auxílio funeral. Assessoria para a recolocação profissional e apoio na maternidade também são bem vistos. Seguros específicos para doenças, como câncer de mama, útero ou de próstata, sensibilizam o consumidor. “Essas tendências vão balizar o desenvolvimento de uma série de produtos que vamos lançar em 2013 e 2014”, diz Aura. Com crescimento de 40% em 2012, a Icatu somou seis milhões de clientes e faturamento em prêmios de R$ l,14bilhão.
Inovação e expansão territorial também são estratégias que impulsionam a Zurich, relata o vice-presidente comercial de vida e previdência, Luiz Barsotti. No ano passado, a companhia cresceu 56%, formando uma carteira de prêmios de R$ 2,1bilhões. “Em 2010, éramos a 12 a seguradora do mercado e agora somos a 5 a .” Apenas no ano passado foram abertos 15 escritórios regionais, somando 34 no país, e mais cinco estão previstos para este ano.
Em 2012, a Zurich lançou um seguro de vida individual, que inclui assistência funeral para cinco usuários de livre escolha do segurado, cobertura de invalidez funcional e permanente por doença e cobertura extra em casos de morte acidental. Para 2013, estão sendo preparados dois novos lançamentos, um para consumidores que migraram da classe C para a B e outro para o público de alta renda. Neste caso, um produto para conquistar o cliente que hoje não encontra seguros com a abrangência que deseja no país e busca soluções lá fora.
Na Porto Seguros, que tem uma carteira de RS400 milhões, o ano foi de consolidar e aperfeiçoar o produto de viagens, lançado no fim de 2011. “Realizamos 35 mil operações em 2012”, diz o gerente Silas Kasahaya. A proposta é oferecer assistência médica maior que a média do mercado para o viajante ao exterior, a partir de US$ 3 mil, e caprichar na oferta de serviços de apoio, como hospedar em hotéis pet os animais de estimação dos viajantes.
A SulAmérica apresentou um crescimento bastante inferior à média do mercado em 2012, apenas 2%, com carteira de dois milhões de segurados e R$480 milhões em prêmios. Renato Terzi, vice-presidente do ramo vida e previdência, diz que foi um ano de ajustes. Com a queda dos juros, a companhia teve seu ganho financeiro reduzido e buscou maior rentabilidade operacional, revendo preços e a política de conquista de clientes, tornando-se mais criteriosa na avaliação de risco com o objetivo de reduzir a taxa de sinistralidade. “Hoje temos uma carteira de clientes mais saudável e estamos prontos para crescer.”
O ano de 2012 também foi de reformulação na linha de produtos voltados para pequenas empresas, com pelo menos quatro vidas. Segundo Terzi, esse é um segmento de mercado com grande potencial de crescimento, uma vez que oferecer seguros passou a fazer parte da estratégia das companhias para conquistar e reter funcionários, num mercado de trabalho cada vez mais concorrido. Para o segundo semestre de 2013, a SulAmérica pretende lançar nova linha de seguros individuais, com processo de aceitação simplificada.
No mercado de seguros pessoais, as maiores seguradoras são ligadas a bancos – BB e Mapfre, Bradesco e Itaú – segundo ranking da Fenaprevi. A líder, BB e Mapfre, cresceu 33% no ano passado c fechou o ano com uma carteira de quase RS 4,3 bilhões. Bento Zanzini, diretor-geral de riscos pessoais, diz que parte do crescimento veio do ganho de capacidade de distribuição decorrente da fusão em 2011 da seguradora do Banco do Brasil, com força de vendas estabelecida na rede bancária, com a espanhola Mapfre, que tem atuação por meio de corretoras.
Uma das estratégias da companhia é o desenvolvimento de seguros de afinidades, específicos para públicos de associações, cooperativas e até mesmo de redes de varejo. Como o seguro em grupo voltado para empresas com até 30 funcionários, um novo seguro prestamista, que protege crédito para formação de estoque, e um seguro educacional, que, além das prestações da escola, cobre acidentes pessoais envolvendo os alunos.
Com market share de 17,98%, a Bradesco Seguros é a segunda maior do mercado de riscos pessoais e cresceu 21% no último ano, afirma Jair Lacerda, diretor-técnico. O desenvolvimento de apólices para o público de baixa renda, como o Primeira Proteção, lançado há dois anos, motivou expansão de 30% em sua base de clientes em 2012. É um seguro de vida com prestações mensais a partir de RS 3,50, com capital segurado de até RS 80 mil e que faz sorteios mensais de RS 20 mil. “O brasileiro está ampliando sua renda, mas ainda não tem uma cultura de proteção. O produto foi desenvolvido para ser uma porta de entrada ao sistema de seguros.”
Outros produtos estão previstos para 2013, como um seguro voltado para profissionais liberais, que cobre problemas de saúde temporários, mantendo a renda durante o convalescimento, e um seguro de vida personalizado para o público de alta renda. A seguradora também planeja nos próximos quatro meses entrar no mercado de seguros de viagem, mas ainda não tem planos definidos para o segmento educacional. O seguro prestamista é um produto que deslanchou em 2012 após passar por modificações em sua estratégia comercial, com o fortalecimento de parcerias com redes varejistas. No ano passado, a carteira de seguros prestamistas cresceu 52% e chegou a RS 539 milhões.
A seguradora do Itaú, terceira do mercado, com 12,72% de participação, tem como público-alvo prioritário os clientes do banco e do cartão de crédito. Aline Coropos, diretora de seguros para pessoa física, diz que a companhia tem concentrado esforços na simplificação dos processos de aceitação dos clientes, na venda eletrônica de produtos, como o seguro viagem, e na humanização do atendimento, principalmente no pós-venda. “Quem liga para a central de atendimento de uma seguradora, muitas vezes está fragilizado, passou por uma situação traumática. O atendimento não pode ser frio, deve ser acolhedor.”

Fonte: Valor

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