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Parente diz que seguirá com plano de desinvestimentos da Petrobras

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou que continuará com os planos de vendas de ativos da estatal. “A empresa precisa fortalecer seu caixa e reduzir sua dívida, e desinvestimentos são fundamentais para isso. E não está sozinha nesse esforço. O novo patamar do preço do petróleo obrigou a revisar as suas carteiras de ativos. Nossa saúde depende de disciplina para cortar custos”.
 
Parente, no entanto, disse que ainda não teve uma discussão detalhada sobre o programa de desinvestimento desde que assumiu a presidência da Petrobras. E não adiantou se todos os projetos do plano serão mantidos.

“Vamos trabalhar com vista para aqueles ativos que podem ser desinvestimentos, mas que não prejudique a empresa naquela que é a estratégia. Não consigo ir além disso agora. Esse meu cargo hoje tem 5 dias de conversa dentro da empresa. E entrar num detalhe como esse não seria de maneira nenhuma responsável”, declarou.

Ele acrescentou, porém, que não descarta a possibilidade de parcerias e citou que há exemplos “muito bem sucedidos no upstream” – que engloba as atividades de exploração, desenvolvimento, produção e transporte para beneficiamento.

Pilares de gestão
Esta medida faz parte de terceiro pilar que baseará sua gestão, afirmou o presidente, que inclui ainda “o fortalecimento da gestão de riscos, tratamento e monitoramento dos riscos que está sujeita a empresa. Não só estratégico e operacional, mas risco de mercado, de imagem. E redobrada para risco operacional e socioambientais”.

O primeiro pilar citado durante a cerimônia pelo presidente é a consolidação da nova governança, “que seja capaz de garantir a plena recuperação da credibilidade junto aos acionistas, os credores, o mercado e, por último, mas não menos importante, o conjunto da sociedade”.

O segundo dos três pilares se refere à “noção de responsabilidade econômica e financeira em absolutamente todos os planos da empresa, com capacidade de gerar retorno econômico adequado”.

“Pretendemos cumprir no prazo máximo de 120 dias a revisão da estratégia da companhia, e o estabelecimento de roadmaps (ferramenta utilizada para planejar e comunicar a visão de futuro) para todas as iniciativas estratégicas. Essa revisão será como guia para atuação da Petrobras para a solução dos seus problemas imediatos, mas sinalizará também para onde vamos caminhar”, disse.

Fluxo de caixa
De acordo com Parente, a Petrobras tem hoje R$ 100 bilhões em caixa.

“Estamos hoje com caixa acima de R$ 100 bilhões em captações conseguidas no mercado. (…) A escalada dos investimentos foi interrompida e foram feitos duros cortes nos gastos da companhia. Os quase 100 bilhões de reais atestam o acerto dessas iniciativas”, afirmou.

Política de preço
Parente voltou a dizer que a política de preço será determinada pelo ponto de vista empresarial, e que para essa definição serão observados o preço de custo, os competidores, além de um olhar no passado “para mirar um pouco como as coisas se comportaram”.

O ministro de Minas e Energia Fernando Coelho Filho, no entanto, declarou que “vamos ter oportunidade discutir [a política de preços] não é só Mistério de Minas e Energia, mas Planejamento, Fazenda e a própria diretoria que está chegando. E no momento de oportunidade falaremos sobre isso”.

O presidente da Petrobras, contudo, após a declaração do ministro à imprensa, voltou a reafirmar que essa será uma decisão empresarial. “Eu não escutei o ministro falar isso. O que posso enfatizar é que é uma decisão empresarial que vai consultar os interesses da Petrobras”.

Cessão onerosa
A respeito da cessão onerosa, Parente disse que “dependendo dos valores que forem definidos, e é discussão em andamento. É impossível especular sobre valor (…) mas é uma discussão importante”.

Pré-sal
A respeito do pré-sal, o presidente afirmou que ainda não se reuniu com o conselho e a diretoria para tratar do assunto, mas assegurou que “nosso grande objetivo é aumentar a velocidade. Um que é objetivo urgente primordial que é o equacionamento da nossa dívida. Nós precisamos trazer os números dessa empresa para números que sejam mais aceitáveis para qualquer empresa”.

Segundo Jorge Camargo, presidente do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), o projeto de lei que tira a obrigação da Petrobras de ser a operadora única do pré-sal deve passar pela comissão da Câmara dos Deputados e ser aprovada até meados de julho.

Parente defendeu a revisão da Lei de exploração do pré-sal com a substituição da obrigação de que participe com pelo menos 30% da exploração de cada campo, “pelo direito de preferência com a participação que julgar atender melhor os seus objetivos”.

“Em nosso ponto de vista, como está, essa Lei não atende aos interesses da empresa e, permitam-me, do país, por pelo menos duas razões relevantes: a primeira, a natureza conjuntural. Mas a razão mais relevante tem natureza estrutural. Essa obrigação retira a liberdade de escolha da empresa de somente participar na exploração e produção de campos que atendam o seu melhor interesse”.

Parente enalteceu ainda o trabalho do ex-presidente da estatal, Aldemir Bendine, que, segundo ele, foi responsável por uma mudança “radical” na companhia a partir de fevereiro de 2015.

“Tiveram coragem de enfrentar a situação e arcar com o ônus dessas decisões difíceis, sem ser pautado por questões partidárias. Há pouco mais de um ano, essa empresa não tinha se quer balanço auditado. Naquele momento, muito apostaram que a Petrobras quebraria e que manteria ainda mais a recessão do país”.

Petrobras
Em coletiva de imprensa, Parente disse que já havia decidido não ser mais um executivo, que seria membro de conselho e sócio de sua mulher em uma empresa de gestão de patrimônio quando surgiu o convite para comandar a Petrobras.

“Comecei a receber inúmeras manifestações que eu deveria considerar mais uma vez. (…) Eu acho que o aconteceu com a Petrobras foi absurdo. É inominável o que fizeram com essa empresa. Sei porque estive nessa empresa 12 anos atrás no conselho”, disse, acrescentando que “gosta de desafios”.

Fonte: G1

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