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Para retomar crescimento, Intel elege o sucessor do Pentium

A marca Pentium, lançada em 1993, ajudou a Intel a transformar-se na maior fabricante de microprocessadores do mundo. De tão popular, o chip chegou a convencer muita gente de que Pentium era uma marca de computador e não do componente que vai dentro dele. Agora, no entanto, parece que chegou a hora de a Intel começar a despedir-se de seu herói. O sucessor já está pronto e será anunciado no Brasil, hoje, uma semana depois de ser apresentado nos Estados Unidos. Será uma dupla cerimônia: adeus, Pentium; bem-vindo, Core 2 Duo.
É esse o nome da nova família de chips, que começou a ser desenvolvida em 2002. Trata-se da segunda geração da Intel dos chips de núcleo duplo – os primeiros saíram meses atrás. Para entender o que é o processador, pense em um corpo que tem dois cérebros capazes de trocar dados entre si.
A Intel tem enfatizado que a primeira vantagem da nova arquitetura é o desempenho. “Em relação ao Pentium IV mais avançado atualmente, o ganho é de mais de 100%”, compara Ricardo Carreón, diretor geral da empresa na América Latina. Na prática, isso significa que um computador com o Core 2 Duo levaria a metade do tempo para concluir uma operação quando comparado a uma máquina parruda da geração atual.
No cenário da indústria de computadores, isso pode se reverter em vantagem competitiva para a Intel, que passa por uma fase de dificuldades. O setor tem patinado nos mercados mais maduros, como EUA e Europa Ocidental, mas o esperado lançamento do sistema operacional Windows Vista e do pacote de programas Office 2007, prometidos pela Microsoft para algo entre o fim do ano e o início de 2007, pode reavivar as compras.
Os executivos da Intel acreditam ter uma chance de abocanhar boa parte dessas compras ao oferecer chips mais robustos, capazes de sustentar o peso dos novos softwares. “Com o Core 2 Duo é possível executar tarefas múltiplas de duas a três vezes mais rápido no Office 2007”, diz Elber Mazaro, diretor de marketing da Intel no Brasil.
A transferência crescente de arquivos de música e, principalmente de vídeos, além da sofisticação exigida pelos jogos eletrônicos são outros motivos que podem levar o consumidor a comprar máquinas com seus novos processadores, acreditam os executivos da Intel.
Mas desempenho não é a única tecla na qual a empresa está batendo. O outro ponto fundamental é o consumo de energia. Com os chips Centrino, para micros portáteis, a Intel começou um esforço para criar processadores mais econômicos e que esquentam menos. Agora, pretende levar essa característica aos computadores de mesa. “Os chips têm sensores capazes de balancear a carga e consumir menos energia”, explica Mazaro.
Com a capacidade de produção de que dispõe, a Intel planeja inundar o mercado com os novos Core 2 Duo. Em sete semanas, pretende embarcar 8 milhões de unidades em âmbito global, um recorde da empresa em um período tão curto. No Brasil, 17 fabricantes anunciam, hoje, que vão fabricar PCs com o processador. O compromisso é de que os modelos cheguem ao mercado em até três meses, mas as primeiras versões devem estar disponíveis em 30 dias.
A Intel tem pressa. “Historicamente, as rampas de adoção (de novos chips) demoram de um ano a 18 meses”, afirma Carreón. No caso do Core 2 Duo, a meta é que eles respondam pela maioria das vendas em seis a nove meses.
Mas tudo isso significa apenas metade da estratégia. O Pentium vai sair do centro dos investimentos da Intel, mas não será enterrado tão cedo. Ao contrário, será uma arma importante para aumentar a pressão contra a concorrente AMD. A guerra de preços está no horizonte.
Aproveitando os grandes estoques internacionais, o Pentium terá os preços cortados em 30% a 40%, em média, dependendo da versão. Com isso, deixará a posição ocupada até agora, nas máquinas topo de linha, para se popularizar. A redução, diz Mazaro, vai permitir, inclusive, que o Pentium IV seja usado em computadores de até R$ 1,4 mil, que são beneficiados pelo programa Computador para Todos, do governo federal.
Com isso, a Intel redireciona o Pentium para um público que já conhecia o produto mas não podia comprá-lo e amplia a cobertura dos segmentos de consumo: o Celeron continua a aposta no de baixo custo, o Pentium IV e o Pentium D (cuja arquitetura é anterior, mas já usa núcleo duplo) para o consumidor médio e o Core 2 Duo, para quem pode gastar numa faixa ampla, de R$ 2,5 mil a R$ 10 mil.
Para a Intel, é fundamental que a estratégia dê certo. No mês passado, a companhia voltou a decepcionar Wall Street, ao anunciar uma queda de 13% na receita trimestral, para US$ 8 bilhões, e uma redução de 57% no lucro líquido, de US$ 885 milhões. Só neste ano, as ações da empresa – que ontem eram negociadas a US$ 17,66 – perderam 29,25% de seu valor.
A AMD prepara-se para a luta. A companhia lançou seu produto de núcleo duplo há mais de um ano e, desde maio, tem reduzido os preços de diversos modelos de processadores entre 20% e 30%, diz José Antonio Scodiero, vice-presidente de marketing e vendas da companhia na América Latina.
O executivo reconhece que boa parte do mercado tem sido ganha pelo preço, mas garante que a companhia está preparada para ampliar a produção. “No segundo semestre, nossa unidade de Dresden (na Alemanha) atingirá 100% de sua capacidade”, afirma. Na semana passada, a empresa também adquiriu, por US$ 5,4 bilhões, a americana ATI, especializada em chips para aplicações gráficas.
A Intel tem três fábricas – duas nos EUA e uma na Irlanda – preparadas para produzir os novos chips. Além disso, promoveu uma reorganização global, pela qual vai cortar mil de seus cem mil funcionários. As dúvidas no setor são muitas, mas uma coisa está certa: a guerra dos chips vai esquentar.

Fonte: Valaor Online

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