Para Lloyds, mercado segurador brasileiro é desafiador
O fim do monopólio de resseguros atraiu para o país cerca de 110 resseguradoras que, com a competição, fizeram com que o mercado brasileiro ganhasse uma configuração de mercado soft, no jargão do setor, termo que classifica um mercado de preços deprimidos. Segundo Carl Day, diretor da Hiscox Syndicate, sindicato de resseguros do grupo inglês Lloyds, que se apresentou durante o painel Receptividade do Lloyds aos Riscos Brasileiros na tarde do segundo dia do 3º Encontro de Resseguros, o mercado soft é desafiador para uma empresa do porte da Lloyds.
Precisamos ampliar nossa presença local e a Lloyds Brasil é um exemplo desse esforço. Cerca de 72% dos negócios de petróleo e gás são subscritos pela Lloyds de Londres, mas é preciso oferecer serviços locais e a chegada ao Rio de Janeiro da Hiscox, que oferece planos de resseguros em energia, sequestro, pirataria e artes plásticas, entre outras modalidades, vai reforçar essa presença, diz Day. Ele fez uma crítica à estratégia de empresas que partem para a solução cativa, assumindo seu próprio risco por meio de soluções internas, o que vem ganhando força na área e construção e petróleo.
O especialista avaliou as perspectivas do mercado de petróleo e gás no País, reconhecendo que é pouco provável que ocorra uma guinada na fase soft market a curto prazo. Ele afirma que a temporada de taxas reduzidas dos planos de resseguros tem relação direta com o aumento de apetite por riscos dos resseguradores, algo que gera pressão sobre os subscritores, forçados a alcançar metas de produção em um cenário de prêmios decrescentes.
Este movimento de declínio aproxima os preços do piso, uma postura de mercado que pode fazer um único sinistro consumir os prêmios de todo o exercício. Dependendo das perdas, poderá ser a senha para as resseguradoras afetadas passem a recusar riscos e afastem-se do mercado mais oneroso.
O especialista lembra que o Brasil, ao lado do México, é país que mais chama a atenção dos resseguradores especializados em ofertar capacidade em petróleo e gás. Lá, como aqui, empresas começam a efetuar a exploração de petróleo em áreas profundas, demandando seguros para suas operações.
Os investimentos vultosos exigidos nesses projetos como exemplo, ele cita o caso dos US$ 236 bilhões aplicados nos próximos anos pela Petrobras exigem cautela dos subscritores, já que a busca de expansão da produção, tradicionalmente, não tem os cuidados adequados na área de segurança.
Questionado se apesar da abertura do mercado ressegurador o Brasil ainda oferece risco regulatório, ele afirmou que sim, pois a cada vez que vem ao Brasil, e isso ocorre pelo menos a cada três meses, sempre aprende uma nova regra que acaba de surgir. É difícil entender as regras de transição ou de conteúdo local. Isso parece muito fluido para mim. Além disso, problemas de jurisdição não estão descartados. O vazamento recente de óleo no Brasil por uma operadora de petróleo resultou em uma penalidade de US$ 20 bilhões. Reliability e responsabilidades são difíceis de serem subscritas no Brasil. Mas é sempre melhor fazer negócios com as pessoas que a gente gosta. E o Rio de Janeiro é muito receptivo, conclui.
Fonte: CNSEG