Palavra do gestor: Que venha o crescimento da economia
O ano de 2017 caminha para ser mais um período extremamente positivo para a indústria de fundos multimercados macro. De acordo com a Anbima, até outubro, a rentabilidade média desses fundos estava em 12,57%, contra uma variação de 8,72% do CDI. Em 2016, os multimercados já tinham apresentado rentabilidade de 17,8%, contra 14% do CDI.
A boa performance desse tipo de produto no Brasil é resultado majoritariamente da valorização dos ativos domésticos, ocorrendo junto à melhora do cenário macroeconômico. No ano, a bolsa acumula alta de 23,4% até outubro, após ter avançado 38,9% em 2016. Já a taxa de Juros futura de três anos apresentou uma queda de cerca de 200 pontos. O real seguia estável frente ao dólar em 2017, após ganho de 16,5% em 2016.
Com o final do ano se aproximando e esse excelente desempenho dos ativos e dos fundos macro saltando aos olhos, naturalmente, a pergunta que surge é: quais oportunidades que 2018 nos reserva para permitir a manutenção de ganhos sólidos nessa indústria?
Para responder a essa dúvida, é importante entendermos os fatores que explicam a performance dos ativos. Primeiramente, é inegável que o cenário externo tem se mostrado favorável para os emergentes. Além de a atividade global seguir acelerando, as condições financeiras continuam frouxas sem exigir aperto monetário. No âmbito doméstico, desde que Michel Temer assumiu a Presidência, houve uma reorientação da política econômica por meio de uma equipe qualificada, além do êxito que o governo vem tendo na aprovação de reformas importantes.
Privatizações e medidas microeconômicas também foram anunciadas e as expectativas de inflação foram ancoradas. A mudança na condução da política econômica levou a uma redução do risco país, que permitiu uma redução intensa dos Juros.
Ou seja, a melhora dos ativos é justificada por um ambiente internacional benigno, reorganização da economia, avanço da agenda fiscal e recuo da taxa de Juros. Assim, fica claro que a boa performance ainda não teve forte contribuição daquele que pode ser o principal determinante para o retorno dos ativos no próximo ano: o crescimento econômico.
Em meio aos desdobramentos da Lava-Jato e a contínua incerteza sobre o ajuste fiscal, desde que Temer assumiu, a economia deixou a desejar. Mesmo com melhora da confiança, a atividade desapontou em 2016 e o PIB do primeiro trimestre foi explicado pelo robusto crescimento da agropecuária. No entanto, a partir do segundo trimestre, aumentou a convicção de que a recuperação ganhou tração e de que a economia terá uma retomada mais pujante.
Os recentes números mostram que a atividade, por ora, conseguiu se descolar da política e confirmou que os efeitos da baixa inflação e da queda dos Juros ainda não tiveram impactos no consumo e, principalmente, no investimento.
As projeções para o PIB já começaram a serem revistas para cima, porém, com o processo de desalavancagem em curso, surpresa com os dados de emprego e perspectivas de estabilidade da Selic por um período prolongado, o cenário para o crescimento pode ser ainda mais favorável e levar a novas revisões também das estimativas de lucros das empresas.
Claro que, quando traçamos cenários para 2018, também se discute as perspectivas para a eleição presidencial, sendo este um aspecto de alta incerteza e difícil previsão. Porém, neste quesito também existem fatores positivos. Sem a aprovação da Reforma da Previdência, a agenda fiscal e a evolução da economia nortearão os debates, e com a possibilidade decrescente de Lula concorrer, poucos candidatos devem fugir do compromisso com as reformas.
A possibilidade de o desfecho da eleição não descolar da ual política econômica tem inúmeros benefícios: fortalece o cenário para o crescimento, contribui para reavaliação da taxa de Juros neutra e traz oportunidades de ganhos também na renda fixa.
Obviamente, esse cenário construtivo para 2018 embute riscos. A visibilidade sobre a possível vitória de um candidato reformista na eleição poderia demorar e traria custos para a retomada. Ainda a possibilidade de um candidato populista ganhar não pode ser descartada com base nas atuais pesquisas.
No cenário externo, o sucesso do presidente Donald Trump em aprovar uma reforma tributária ou a aceleração mais intensa da inflação americana poderia levar a um ciclo de aumento de Juros mais intenso que o esperado, o que causaria aperto das condições financeiras e seria um cenário menos favorável para os emergentes.
Não podemos também ignorar os riscos de uma desaceleração mais forte na China e de incertezas políticas na Europa.
Porém, mesmo com esses riscos o cenário segue extremamente favorável para os fundos multimercados. Afinal, com possibilidade de diversificação no cenário positivo esperado, essa classe de fundos pode apresentar ganhos mais sólidos que outros investimentos. Já se o cenário alternativo e negativo prosperar, a estratégia de fundos macro pode rapidamente se adequar. A performance destes fundos após a vitória de Trump nos EUA e a divulgação dos áudios da delação da JBS são alguns exemplos de como esta estratégia pode proteger – e recuperar – ganhos do investidor rapidamente.
Fonte: Valor
