País detém alguns indicadores superiores aos dos demais BRIC
A decisão da agencia Standard & Poor´s de conceder a classificação “BBB-” ao Brasil, a mais baixa do grau de investimento, era considerada apenas uma questão de tempo, uma vez que a inflação caiu e o governovemapresentando consistentemente superávits orçamentários primários antes dos pagamentos das dívidas.
O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer até a classificação máxima “AAA” de economias desenvolvidas como os Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, mas sua saída do grau especulativo, ou “junk”, é importante pois permitirá aos maiores fundos de pensão e seguros investir no País.
Muitas dessas grandes instituições não podem canalizar fundos para países com classificação inferior à de investment grade por causa do perigo dessas economias entrarem em default, o que acarretaria na perda de vastas somas de seus clientes.
David Beers, diretor global de classificações da Standard & Poor´s, disse: “Isso deverá ajudar o Brasil, já que poderá levar a uma aceleração dos investimentos lá”.
“O principal motivo da nossa decisão de melhorar a nota do país foi sua posição de credor externo líquido. A outra coisa que continua impressionando é o duradouro superávit fiscal primário do pais.”
O mercado.de ações do Brasil vem tendo este ano o melhor desempenho entre os principais países desenvolvidos e em desenvolvimento, com os investidores atentos a uma economia que continua crescendo a uma taxa saudável de 5%, na esteira da alta dos preços das commodities, que vem ajudando a proteger o Pais da crise de crédito global.
Enquanto o índice de ações Standard & Poor´s 500, referência do mercado americano, acumula queda de aproximadamente 6% no ano, índice Bovespa já subiu para patamares recordes.
Henry Hall, da Merrill Lynch, diz: “O país vem aproveitando o boom das commodities. Ele tem matérias-primas como o minério de ferro, níquel, cobre, além de grandes exportações agrícolas, como a soja, o que significa que ele é um exportador líguido”.
Os bancos brasileiros também estão conseguindo, até agora, suportar a crise global, por não estarem expostos aos mercados imobiliário sub prime e de securitização, que varreram bilhões de dólares dos balanços dos grandes bancos ocidentais.
Mas não são apenas as economias ocidentais que estão no rastro do Brasil. Ele também vem tendo um desempenho superior ao dos outros países do BRIC (Rússia, Índia e china, que já possuem o grau de investimento).
O índice composto SE da Bolsa de Xangai, por exemplo, acumula queda de 27% no ano, decorrente da avaliação dos investimentos de que o indicador estava subindo rápido demais.
Ao contrário do Brasil, a China é uma importadora liquida de matérias-primas, o que vem forçando uma alta nos custos de produção e levantando dúvidas sobre a capacidade do país de sustentar seu crescimento alucinante.
Mas embora a maior economia da América do Sul não deva retornar ao crescimento instável dadécada de 1990, teme-se que o Brasil possa estar entrando num período de alta das taxas de juros, que tenderia a minar o crescimento, enquanto aumentam as pressões inflacionárias.
A demanda doméstica vem aumentando vigorosamente nos últimos dois anos, alimentada pela menor taxa de desemprego, aumento de salários e crédito barato.
A dívida pública ainda é alta quando comparada à de outras economias emergentes, embora a valorização do real, que já ganhou 7% contra o dólar este ano, possa pressionar o balanço de pagamentos. No entanto, apesar de alguns sinais negativos, a maioria dos banqueiros e investidores continua oti mista.
Nick Chamie, diretor de análise de mercados emergentes da RBC Capital , diz:”O Brasil deixou para trás os problemas de instabilidade do passado e surgiu como nação emergente bem administrada. Essa classificação de grau de investimento deverá ajudar a economia a continuar trilhando o caminho do crescimento”.
Fonte: Financial Times, de Londres