Painel no 8º Encontro de Resseguro contou com a participação da AMMS
A Associação das Mulheres do Mercado de Seguro (AMMS) foi representada por sua presidente, Margo Black (como coordenadora do debate) e pela conselheira Ana Carolina Mello (palestrante) no painel técnico “Diversidade em Ação”, no primeiro dia do 8º Encontro de Resseguro do Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (08 de abril).
O painel foi aberto pela diretora de Ensino Técnico da Escola Nacional de Seguros (ENS), Maria Helena Monteiro, que anunciou o lançamento, em 2019, da terceira edição do estudo “Mulheres no Mercado de Seguros no Brasil”. Realizado pela ENS, esse estudo demonstra que já há uma maioria feminina no mercado de seguros, Contudo, não nos cargos de comando. “A evolução é muito lenta”, salientou.
A diretora da ENS destacou o papel que a AMMS pode exercer para ajudar a mudar esse quadro. “A AMMS vai ajudar muito a mudar esse conceito machista que ainda prevalece. Os homens têm o dobro de chances de ser gerente e três vezes e meia de exercerem um cargo executivo”, acrescentou Maria Helena Monteiro.
Em seguida, Ana Carolina Mello falou sobre a missão, visão, valores e principais objetivos da AMMS, salientando o trabalho feito em prol do empoderamento da mulher no mercado de trabalho. “Em nossos eventos discutimos as razões para tantas diferenças. Mas, esses eventos são inclusivos e os homens são muito bem vindos”, observou.
Já a diretora de Relações de Consumo e Comunicação da CNseg, Solange Beatriz Palheiro Mendes, revelou que a entidade tem investido forte em questões como diversidade e inclusão. “Criamos a Divisão de Diversidade e Inclusão do Setor de Seguros. Há ainda, desde 2017, um grupo de trabalho especificamente sobre esse tema e foi editada uma cartilha de boas práticas para a diversidade no mercado. Essa questão está no DNA do setor de seguros”, ressaltou.
Por sua vez, a professora da ENS, Flavia Bianco, abordou as dificuldades que enfrentou por suas opções, principalmente no processo de transição de gênero. “Mas, sempre reafirmei que sou mulher, sim. Somos gênero, não apenas genitália. O problema, muitas vezes, é a dificuldade para o reconhecimento do mérito. Muitos julgam pelo que você aparenta ou que rotulam”, acentuou.
Ela lamentou ainda o fato de a mulher trans encontrar muita dificuldade para encontrar um emprego e para estudar. Segundo Flávia Bianco, a maioria não consegue concluir o ensino médio e parcela expressiva acaba sendo obrigada a trabalhar na prostituição.
Os obstáculos enfrentados pelas mulheres no início da carreira profissional foram o tema central da participação da jovem Maria Luiza Cabral, client Support Services da Guy Carpenter. De acordo com ela, essas dificuldades incluem assédios moral e sexual e o desrespeito. “Conversei com várias amigas e percebi que, muitas vezes, a mulher não toma medida alguma quando é alvo de assédio”, revelou.
Problemas semelhantes foram narrados pela superintendente de Comunicação Institucional da SulAmérica Seguros, Solange Guimarães, que citou vários constrangimentos sofridos por ser negra. “Adoro matemática, mas resolvi ser jornalista para dar destaque a esse sério problema. Hoje, estou convencida de que a empresa que não olhar para a diversidade não conseguirá olhar para o futuro. Olhar a diversidade é também olhar para a sustentabilidade do negócio”, frisou.
Logo depois, a executiva Juliana Pelegrín, Casualty Senior Underwriter da Swiss Re, narrou as discriminações sofridas no ambiente de trabalho por ser uma mulher que tem personalidade forte e é gay. “Exerci cargo de lideranças e fui alvo de fofocas, não sei se por ser homossexual, o que não me define, ou uma mulher de personalidade forte, o que incomoda muito, inclusive às mulheres machistas. Há discriminação no mercado”, disparou.
Por fim, a CEO da Guy Carpenter no Brasil, Judith Newsam, lembrou que, ao anunciar sua carreira, no mercado londrino, sequer podia usar calças compridas. “Eu queria sair de lá e surgiu uma oportunidade no Brasil. Aqui, trabalhei em um escritório em que só havia mulheres e não via problemas. Mas, com certeza, existiam. Precisamos ter uma plataforma para levantar nossas questões sem medo”, conclamou.
Organizado pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) e a Federação Nacional das Empresas de Resseguro (Fenaber), com o apoio institucional da ENS, o 8º Encontro de Resseguro do Rio de Janeiro faz parte da agenda internacional dos profissionais do setor. O evento prosseguirá hoje, no Windsor Convention & Expo Center, na Barra da Tijuca (RJ).
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