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Os impactos do novo mercado de resseguros no Brasil

Devido à sua experiência em resseguros e ao conhecimento no mercado internacional, ele tem sido frequentemente convidado para falar sobre as mudanças decorrentes da regulamentação pelo CNSP da Lei Complementar 126/2007, que abriu o mercado de resseguro. O entrevistado de hoje do “Seguro em Pauta” é Pedro Arthur Santanna, que tem formação em Economia e fez uma análise sobre a abertura do mercado e o impacto no segmento de seguros de forma geral.
SEP – Qual sua formação?
PAS: Minha primeira formação foi em Biologia e, depois, estudei Economia. Mas posso dizer que minha formação está muito mais ligada ao setor de seguros e resseguros do que à minha formação acadêmica. Em minha experiência internacional, por exemplo, pude aprender um pouco de tudo que envolve os diversos segmentos do mercado mundial de seguros.
SEP – Há quanto tempo você é professor da Escola Nacional de Seguros? Fale um pouco dessa experiência.
PAS: Eu estou envolvido com a Escola Nacional de Seguros desde os meus 20 anos, quando comecei a freqüentar os cursos da instituição, que muito contribuíram para minha formação profissional. Nos últimos 10 anos, tive a oportunidade de devolver um pouco do que aprendi, participando como professor e expositor de diversos cursos nas áreas de Gerenciamento de Riscos, Seguros e Resseguros. A experiência de dar aula é muito interessante, pois acaba obrigando-nos a pesquisar muito e melhorar nosso conhecimento, que precisa estar muito bem sedimentado para atender às expectativas dos profissionais que estão assistindo à nossa exposição e que muitas vezes têm muito bom conhecimento da matéria.
SEP – Quando você entrou para o mercado de seguros e resseguros?
PAS: Iniciei minha carreira como trainee de uma grande corretora de seguros internacional, atendendo a clientes e, posteriormente, fazendo parte do seu departamento de estudos especiais. Em seguida, trabalhei em grandes seguradoras nacionais e multinacionais, inclusive com oportunidade de conhecer a forma de trabalho destas empresas no exterior. Por último, tive a chance de trabalhar no IRB-Brasil Re, que foi uma experiência muito importante para mim, pois conheci mais sobre a aceitação do resseguro por parte desta empresa que tanto influenciou a história do mercado brasileiro de seguros.
SEP – Em sua opinião, o que a abertura do resseguro significa para o mercado de seguros do Brasil?
PAS: A abertura significa uma grande chance para que todos os profissionais envolvidos no mercado – seguradores, resseguradores, corretores e segurados – possam conviver mais de perto com a realidade internacional, seus pontos positivos e negativos. Também pode ser o ponto que faltava para o mercado dar um grande passo rumo à eficiência e ao desenvolvimento de soluções de seguros e resseguros para alguns setores da economia brasileira que hoje não têm sido atendidos totalmente, como Saúde e Previdência.
SEP – E para os corretores?
PAS: Ao longo dos últimos meses, muitas pessoas têm analisado com bastante propriedade a influência da abertura do resseguro na profissão de corretor de seguros. É importante lembrar que esta influência não vai se dar de forma direta, pois os corretores não serão agentes na contratação de resseguros pelas seguradoras. Porém, a abertura traz novas perspectivas para esses profissionais, já que, ao estarem mais próximos dos segurados, conhecendo suas necessidades e detalhes do seu risco, terão em mãos informações fundamentais para obter preços mais justos para os clientes, onde o resseguro tenha influência direta no custo do seguro. Outro fator a ser lembrado é que, no caso de grandes clientes, será necessário mudar um hábito que ainda existe no mercado brasileiro, de se deixar a renovação para a última hora. Isso porque as seguradoras precisarão de tempo para negociar com resseguradoras nacionais e internacionais as condições de cobertura e preços dos grandes seguros.
SEP – Começam a chegar ao País resseguradoras estrangeiras, como a SwissRe, MunichRe e o Lloyd’s. Essa movimentação já trouxe algum resultado para o mercado de seguros ou você acredita que isso acontecerá a longo prazo?
PAS: Na verdade, desde o fim do século XX, quando começamos a discutir a mudança do modelo do resseguro de monopólio para mercado competitivo, já ocorreram mudanças importantes. Há anos que grandes resseguradoras têm escritórios de representação no País e interagem com as seguradoras nacionais. Porém, apenas com a abertura, em abril deste ano, poderemos verificar o que vai acontecer com os preços de alguns seguros e produtos que demandem resseguros. Apesar de não apostar em quedas generalizadas no preço de seguros, alguns segmentos, como resseguros para riscos de saúde e alguns produtos mais ligados a seguros de riscos financeiros, poderão apresentar um excelente desenvolvimento em decorrência desta abertura.
SEP – Qual a sua opinião sobre a criação do Pólo de Resseguro no Rio de Janeiro?
PAS: – Eu tive o grande prazer de participar ativamente, ao longo dos últimos anos, dos trabalhos para a criação do Pólo de Resseguro no Rio de Janeiro. As vantagens desta iniciativa são enormes, não apenas para o próprio estado do Rio, mas para todo o País. A operação de resseguros é uma atividade muito especializada, com salários mais altos, e que cria demandas em diversas outras áreas da economia, como serviços e lazer, funcionando como um multiplicador de renda para a região.
SEP – Quais as vantagens para os outros estados?
PAS: Para outros estados podemos citar a vantagem de ter uma fonte de cobertura para grandes investimentos dentro do País, sem a necessidade de se buscar proteção para seus riscos no mercado internacional, o que pode ser um facilitador para atrair grandes investidores, principalmente em projetos mais complexos e que demandem grandes coberturas de seguros. Mesmo as seguradoras estabelecidas em outros estados, que não o Rio de Janeiro, irão se beneficiar de um Pólo de Resseguro no Rio

Fonte: Escola Nacional de Seguros

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