Operadoras de olho nos novos negócios com WiMax
A tecnologia WiMax está sendo considerada o pulo-do-gato tanto para as grandes operadoras como pequenas empresas de olho no mercado de telecomunicações. Está é uma das razões de terem sido apresentadas ontem cerca de cem propostas, muitas delas de interessados desconhecidos do mercado, na partida para o leilão das frequências de 3,5GHz e 10,5 GHz que acabou suspenso por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU).
Foi alegada inconsistência de preço no estudo de viabilidade econômica realizado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mas há um bom tempo não se via no setor um leilão no setor tão tenso. Disputas políticas à parte, os analistas do setor atribuem o grande interesse das concessionárias pelo leilão ao fato das novas frequências abrirem espaço para as operadoras ampliarem o leque de serviços na banda larga, o filé mignon do segmento.
A telefonia fixa está praticamente estagnada e com as novas frequências onde a tecnologia WiMax poderá ser implementada, Brasil Telecom, Telemar, Telefônica, CTBC e Sercomtel podem buscar novos caminhos para crescer. O WiMax promete ampla cobertura e fornecedores anunciam para 2007 soluções que permitirão o uso da banda larga até em carros em movimento.
Essa solução abre espaço para garantir maior eficiência do que a obtida hoje com a tecnologia de banda larga ADSL. Hoje, há casos em que ela perde capacidade de transmitir em velocidade alta quando está mais longe da central. Para as empresas menores, o leilão é uma chance para conquistar a chamada última milha, a chegada na casa do cliente, hoje restritas às teles, lembra Luis Minoru, diretor-geral do Yankee Group, empresa de pesquisas especializada em tecnologia.
“Para todos o WiMax é importante. O mundo será cada vez mais sem fio. Vamos ter televisão sem fio, ler jornais, qualquer acesso de comunicação será sem fio. E hoje, para as teles fixas, tudo é cabeado. Além disso, a tecnologia abre alternativa de competição no setor”, diz.
O diretor de telecomunicações da Cisco, Pedro Ripper, lembra que atualmente a banda larga é praticamente um monopólio. “A tecnologia tem evoluindo para democratizar a última milha. Mas teremos empresas que vão disputar a frequências e guardar para explorar ou vender nos próximos cinco a dez anos. Isso porque serão dois tipos de licenças. A da região das teles e outra, voltada à exploração dividida de acordo com as áreas de código de DDD”, explica Ripper.
Além disso o executivo da Cisco lembra que o leilão abre oportunidade para as operadoras de celular que não têm braço fixo ampliarem os serviços e chegarem à casa do cliente, a chamada última milha.
O que não se sabe, ainda, é como ficará a pressão do ministério das Comunicações sobre a licitação. O ministro Helio Costa defende que, como a tecnologia cria alternativa para banda larga, deveria haver uma proposta social integrada. Segundo Ripper, na França, o governo estabeleceu três métricas com pesos diferenciados para os proponentes que apresentassem propostas para inclusão social. Quem fizesse uma proposta em área com população de menor poder aquisitivo pagaria menos pela licença.
Minoru avalia, por sua vez, que o WiMax e a chamada terceira geração da telefonia celular são concorrentes uma da outra. E este será um novo embate no futuro próximo, uma vez que a Anatel pretende licitar a 3G em breve. “Na Europa, Alcatel, Ericsson e Nokia estão acreditando mais em 3G. Nos Estados Unidos, o foco é maior no WiMax que é uma aposta da americana Intel”, diz. Aqui, ao que parece, a tendência será das teles fixas irem para o WiMax e as celulares focarem no 3G, embora TIM, Amazônia Celular e Telemig Celular, que não têm presença na telefonia fixa e parceria para a última milha, terem apresentado proposta ontem.
Ripper, da Cisco, diz que sua empresa, nos EUA, vem focando mais hoje no chamado WiMesh. Trata-se de uma evolução do WiFi, solução também sem fio mas usada para ambientes restritos. A planta é de malhas cobrindo cidades inteiras com uma antena se comunicando com a outra reduzindo os pontos de acesso.
Fonte: Valor