Opção por renda vitalícia perde preferência junto ao poupador
A regra de se contar com as reservas da previdência privada exclusivamente após a aposentadoria já não vale mais. Pelo menos, esta é a tendência.
Essa nova realidade está estimulando o poupador a usar os recursos para outros investimentos que possam dar retornos de longo prazo. “As opções mais comuns no mercado têm sido as de renda temporária. O contribuinte determina em quanto tempo quer receber parte do seu dinheiro ou decide pelo resgate total”, conta Marco Antonio Rossi, vice-presidente da Federação Nacional da Previdência Privada e Vida (Fenaprevi).
“Percebe-se uma mudança de opção de benefício, tendo em vista que há dez anos a decisão pela renda vitalícia era muito maior, cerca de 60%”, explica João Batista Mendes Angelo, superintendente de produtos da Brasilprev Seguros e Previdência S.A. “Hoje a população enxerga a ferramenta como alternativa para viabilização de diferentes projetos de vida de longo prazo, que podem ser o pagamento de uma faculdade, a realização de uma viagem ao exterior ou intercâmbio, a compra de um carro ou de um imóvel e até mesmo a abertura de um negócio”, resume. Pesquisa recente realizada pela Brasilprev dá conta de que, atualmente, entre os poupadores que estão em fase de benefícios, 36% optaram pela renda vitalícia, 39% pelo pagamento único e 25% pela renda temporária.
Segundo o vice-presidente da Fenaprevi, 90% das empresas que têm plano corporativo direcionam o resgate para renda vitalícia. Nos contratos individuais, explica, o mais comum é deixar uma parte do dinheiro destinado à renda vitalícia e manter a outra investida na própria seguradora. “Essa alternativa tem ocorrido com frequência e essa tendência continuará por conta do aumento da longevidade, pois essa forma de resgate proporciona certa estabilidade ao aposentado”, diz.
A renda vitalícia, por exemplo, permite que o saldo do plano reverta-se em pagamentos mensais até o fim da vida.
A outra maneira de fazer a retirada é a renda com prazo certo. O segurado tem uma renda mensal por prazo determinado, mas o valor é superior ao da renda vitalícia comum. Já o resgate programado garante ao contribuinte planejar suas retiradas periódicas, por exemplo, uma vez por ano.
Renato Russo, vice-presidente de Vida e Previdência da SulAmérica Seguros e Previdência e diretor da Fenaprevi, acha que ainda é prematuro definir qual dessas modalidades tem sido a mais procurada pelo segurado no momento de retirada de seus recursos, por se tratar de um mercado ainda muito novo. “Foi a partir de 2002 que um maior número de clientes passou a adquiriu esses produtos. Como a média de idade é baixa, entre 35 anos e 40 anos, poucas pessoas fizeram opção ate agora”, diz. Segundo dados da Fenaprevi, a idade média para o início das contribuições é de 34 anos para os homens e de 30 anos para as mulheres. Elas representam 60% dos investimentos enquanto os homens somam 40%.
“A questão da longevidade tem mudado a cultura do brasileiro. Antes as pessoas só cogitavam ter um plano de previdência como instrumento de poupança aos 40 anos. Hoje, está cada vez mais perto dos 30 anos”, afirma Lúcio Flávio de Oliveira, diretor-geral da líder Bradesco Vida e Previdência.
O mercado de previdência privada cresceu 16,5% entre janeiro e setembro deste ano sobre igual intervalo de 2008, arrecadando R$ 26 bilhões. A Brasilprev, 3ª no ranking, projeta um crescimento de 16,5% neste ano sobre o anterior.
Fonte: Valor