Odebrecht investirá US$ 1,05 bilhão em três usinas em Goiás
O aporte marca a expansão do conglomerado para o Centro-Oeste do país. A Odebrecht já controla duas usinas na região do Pontal de Paranapanema, em São Paulo.
O Valor apurou que as três unidades produtoras irão processar, juntas, 15 milhões de toneladas de cana – 5 milhões de toneladas por usina -, a partir de um aporte de cerca de US$ 350 milhões em cada uma. As três plantas vão produzir açúcar e álcool e vão co-gerar energia a partir do bagaço da cana.
Procurado pela reportagem, o presidente da ETH Bioenergia, Clayton Hygino Miranda, confirmou as informações e acrescentou que os investimentos em Goiás fazem parte do projeto de expansão da Odebrecht neste segmento.
A primeira usina de Goiás vai ser construída na cidade da Caçu, no extremo sul do Estado, com aproximadamente 8 mil habitantes, e deverá entrar em operação na safra 2009/10. Essa unidade terá o empresário Ricardo Sampaio, do grupo Mendo Sampaio, filho do ex-governador de Pernambuco como sócio. A Odebrecht terá 80% de participação.
As outras duas unidades serão controladas 100% pela Odebrecht. A segunda usina vai ser instalada também na região de Caçu, e a terceira em Itarumã, a 50 quilômetros das outras unidades. Essas duas últimas plantas deverão iniciar suas operações na temporada 2010/11.
A estréia do grupo Odebrecht no setor sucroalcooleiro foi anunciada este ano. Em maio, a companhia adquiriu a usina Alcídia, em Teodoro Sampaio (SP), e quase dois meses depois anunciou a construção de sua segunda unidade, na região de Pontal do Paranapanema, em parceria com o empresário Alexandre Cândido de Paula, sócio da Reebok Fitness e um dos controladores da ACP Agropecuária. A região do Pontal foi escolhida pelo grupo por ser uma das poucas áreas de São Paulo que ainda comportam a expansão canavieira. Nesses dois investimentos, o grupo desembolsou cerca de US$ 300 milhões.
Os planos da Odebrecht para o setor são ambiciosos. Até 2015, o conglomerado pretende consolidar um aporte total de US$ 5 bilhões (incluindo os investimentos já realizados) e ficar entre os três maiores produtores de açúcar e álcool do Brasil. A companhia prevê ter, no mínimo, dez unidades produtoras.
Desde o ano passado, a Odebrecht estudava entrar em um terceiro negócio. Consolidada nos segmentos da construção, com a Construtora Norberto Odebrecht (CNO), e da petroquímica, com a Braskem, a agroenergia mostrou-se um negócio promissor para o grupo. Em 2006, a Odebrecht faturou R$ 24 bilhões, dos quais R$ 16,5 bilhões vieram da petroquímica Braskem (70% da receita) e R$ 7,4 bilhões da CNO (30%).
Para entrar no setor sucroalcooleiro, o grupo associou-se aos executivos Clayton Hygino Miranda, ex-Coimex Trading, e Eduardo Pereira de Carvalho, ex-presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica). Os empresários criaram a empresa CZRE, que foi incorporada pela Odebrecht. Miranda assumiu a presidência da ETH Bioenergia e Carvalho ficará à frente das novas estratégias do grupo para o setor. Em recente entrevista ao Valor, eles afirmaram que a Odebrecht pretende criar pólos produtores de cana também no Mato Grosso do Sul. O grupo também não descarta fazer investimentos fora do país. Além da região do Caribe, rota da maioria das companhias sucroalcooleiras do Brasil, por conta do acesso ao mercado americano, o conglomerado estuda a África, onde já tem infra-estrutura montada.
Fonte: Valor