O que fazer do dinheirinho em 2017
DINHEIRO EM 2017: como pensar no que fazer das aplicações financeiras? Como convém ao primeiro dia do ano novo, vamos supor que teremos a boa sorte de poder investir.
A consideração mais importante para 2017 é a respeito das taxas de juros: devem cair bastante. No caso muito improvável em que não caiam, o país terá ido à breca.
Parece óbvio que os juros tendem a cair. Importa pensar se é preciso tomar alguma providência a respeito. O cidadão comum costuma ser meio desligado desses assuntos no dia a dia. Nota um tanto tarde as viradas do mercado.
Um exemplo.
O rendimento dos fundos de renda fixa, os “fundos de banco” mais comuns, vai cair. É provável que seu fundo tenha rendido algo entre 11,5% e 13,5% nos últimos 12 meses, uns 5,5% reais (descontada a inflação), na média. Será menos em 2017 e assim por diante, cadente, se o Brasil sair desta lama.
No caso de dinheiro guardado para o longo prazo, ê possível aplicara taxas melhores e manter esse rendimento por muitos bons anos. Onde? Outra obviedade, tão falada e na prática ignorada pela maioria: no Tesouro Direto. É uma grande opção, por exemplo, para a aposentadoria.
No final da semana passada, era possível aplicar a taxas em torno de 5,8% ao ano além da inflação (IPCA) até 2019, 2024 ou 2035, à escolha. Como se sabe, a taxa é garantida se a aplicação for mantida até a data do vencimento.
“Sacando antes” (vendendo os títulos), o resultado depende das flutuações dos preços de mercado. Mas, com a queda dos juros, é até possível especular: aplicar já, vender antes do vencimento e ganhar bem mais (não tente fazer tais artes sem consultar um profissional).
Porque o exemplo dos fundos de renda fixa? Porque é onde estão aplicados cerca de 87% do dinheiro dos investidores de varejo em fundos (que aplicam, ao todo, R$ 542 bilhões) e quase metade de todo dinheiro do negócio de fundos (R$ 1,6 trilhão de um total de R$3,4 trilhões). No Tesouro Direto, onde estão os em-prestadores de dinheiro para o governo no varejo, há só R$40 bilhões.
O brasileiro comum faz aplicação bem menos rentável, porém. Há cerca de R$ 661 bilhões aplicados na poupança. Em termos reais, afora a inflação, a caderneta rendeu menos de 2% em 2016.
Note que, à taxa de 2% ao ano, sua aplicação vai dobrar de valor em 35 anos. À taxa de 5%, mais próxima daquela do Tesouro Direto, dobra em 15 anos.
Há alternativas similares razoáveis, como CDBs, LCIs e LCAs? Sim, talvez, se você puder fazer aplicação inicial grande. De qualquer modo, o rendimento disso tudo irá abaixo com a queda da Selic (a taxa de juros definida pelo Banco Central).
Por fim, recorde-se o que é um fundo. Um fundo de renda fixa é uma associação de investidores que entrega seu dinheiro a um gestor (em geral de banco), que aplica o dinheiro por você e cobra pelo serviço. Aplica onde? Bidu: 77% do dinheiro dos fundos de renda fixa está aplicado em títulos federais. Os mesmos do Tesouro Direto.
Obviamente, este texto NÃO Ê NEM DE LONGE uma “dica de investimento”, que sempre depende do perfil de cada aplicador, tal como roupa feita sob medida. Mas é uma dica: você já pensou no que fazer do dinheiro em uma economia com juros em queda, queiram os céus?
Fonte: Folha de São Paulo