O impacto da pandemia na vida das mulheres brasileiras
Um ano e meio após o início da pandemia de COVID-19 no Brasil, ainda estamos lidando com a cauda longa desse cenário que nos era inimaginável. A pandemia nos tomou como um furacão, abalando nossas estruturas, trazendo medos, ansiedades, necessidades de rearranjos e fez nascer uma força para encarar a morte e o luto como poucas vezes havíamos vivido.
Quando recortamos o impacto da pandemia sobre as mulheres, as fotografias ficam ainda mais atenuantes: crescimento de desemprego e sobrecarga de trabalho são relatos comuns.
Mesmo antes da pandemia, o “trabalho invisível” com os cuidados da casa e da família sempre impactou a vida e a carreira das mulheres, que vêm, aos poucos, conquistando espaços na busca de equidade na esfera de trabalho.
Como elas ocupam predominantemente, em relação aos homens, os trabalhos mais informais – como o doméstico, por exemplo, um dos setores impactados pelo contexto de pandemia – o desemprego atingiu índices que retrocedem em 30 anos a participação feminina no mercado de trabalho, segundo dados divulgados pelo IPEA (Instituto de Pesquisas Avançadas), no 3T2020.
O trabalho remoto também se mostrou um desafio: reorganizar a dinâmica familiar, equilibrar a rotina do trabalho com o convívio e a necessidades dos filhos e da casa – tudo junto e ao mesmo tempo – aumentou ainda mais a sobrecarga das mulheres.
Muitas optaram por deixar os seus empregos, ou foram desligadas por perderem produtividade nesse momento, contribuindo com os dados apontados pelo IPEA.
A diferença da divisão sexual do trabalho ampliada pela pandemia e pelo desemprego também contribuiu para o aumento de índices de conflitos familiares, violência doméstica, esgotamento da saúde mental mais acentuada nas mulheres (segundo a pesquisa “Women’s Forum”, realizada pelo IPSOS para o Fórum Econômico Mundial), e também do feminicídio.
É importante e necessário que estejamos atentos para esse tema, enquanto indivíduos e sociedade, entendendo como apoiar e contribuir com alternativas que diminuam as sequelas da pandemia e de nossa estrutura cultural, que se apoia nas mulheres para os cuidados familiares e domésticos.
Algumas dicas são valiosas para a organização da dinâmica familiar, e vale sempre repetir, escrever, falar, combinar e recombinar, para que tenha efeito prático na rotina do dia a dia: conversar abertamente no núcleo familiar estabelecendo combinados sobre pequenas coisas, como, por exemplo, quem lava a louça e quem tira o lixo, além de também incluir as crianças na rotina de tarefas, pode trazer bons efeitos para a diminuição de sobrecarga de trabalho das mulheres no final do dia. Parece pouco, mas são pequenas situações que se acumulam e acarretam ansiedade e desgaste físico e mental.
Esses combinados básicos podem ajudar a aliviar o estresse e geram a percepção e a responsabilidade que os cuidados com a casa são um dever de todos que nela habitam.
É fundamental que as empresas também cumpram seu papel social e observem as necessidades colocadas neste momento de cauda longa da pandemia. Na Porto Seguro, compondo o nosso olhar de Saúde Integral, adotamos algumas boas práticas para apoiar os nossos colaboradores com a rotina e com os cuidados com a saúde mental:
– Práticas de relaxamento:
* meditação
* musicoterapia
– Práticas de desconexão:
* Horário de almoço estendido – aumento de 15 minutos no horário de almoço, passando de 1h15 para 1h30 de almoço, para que os colaboradores tenham o tempo necessário de preparação e organização;
* Incentivo de período sem reunião – um dia da semana com meio período sem reuniões, para que os colaboradores possam endereçar suas demandas e organizar as atividades.
* Orientações com boas práticas para reuniões –disseminação de material orientativo para guiar as necessidades de agendamentos de reuniões e dicas para que seja objetiva e produtiva.
* Orientação para que o envio de e-mails após 18h30 e finais de semana, somente se necessário, seja agendado para o início do próximo dia útil
* Rodas de conversa com temas diversos: Saúde mental / Ansiedade, Isolamento Social, Perdas de Familiares na pandemia – Luto o Crise depressiva o Como conciliar trabalho e filhos na pandemia
*Reforço dos atendimentos de psicologia e serviço social
E sabemos que isso é só uma pequena contribuição. Se cada um fizer a sua parte, tiver empatia e se empenhar em aprender a como contribuir um pouco também, vamos muito mais longe, rompendo vieses e paradigmas sociais.