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O equilíbrio do sistema privado de saúde

Um aspecto importante das relações entre os usuários dos planos de saúde e as empresas com as quais têm convênio – para o qual chama a atenção reportagem publicada pelo Jornal da Tarde – é a relação entre o número total dos primeiros e a capacidade da rede de atendimento posta à sua disposição. Se não houver uma relação de harmonia no crescimento dos dois, o sistema enfrentará sérias dificuldades.
Não há dados estatísticos que permitam afirmar que esse desequilíbrio está em curso. O sinal de alerta vem, por isso, de avaliações feitas com base em experiências de profissionais da área ou de pacientes. O secretário de Saúde Suplementar da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Márcio Bechara, por exemplo, afirma que “a maioria das pessoas que têm convênio sabe que a espera nos hospitais e consultórios só aumentou nos últimos anos”. E que isto ocorre porque o número delas cresceu sem que, ao mesmo tempo, a rede privada de hospitais e clínicas tenha sido ampliada.
Mas ele próprio reconhece que o principal obstáculo a ser superado para conhecer as reais dimensões do problema – e, portanto, a maneira de atacá-lo – é a falta de dados objetivos que permitam determinar qual deve ser a relação entre o número de usuários e o de estabelecimentos de saúde credenciados pelos planos. O gerente-geral de Informação e Sistema da Agência Nacional de Saúde (ANS), Ceres Albuquerque, admite que não se sabe ainda qual é a quantidade ideal de leitos hospitalares para atender a contento toda a rede de usuários de planos de saúde. Uma falha que ele explica pelo fato de esse ser um cálculo muito complexo.
Um primeiro passo foi dado para sanar essa falha com a conclusão de pesquisa da ANS que apurou quantos hospitais, clínicas e prontos-socorros privados existem em São Paulo, Estado que tem o maior número – 16,8 milhões – de usuários de planos de saúde. Foi possível determinar, assim, que há aqui, por exemplo, 1,4 milhão de usuários para 1 pronto-socorro especializado e 136,7 mil para 1 hospital especializado. Resta agora fixar um parâmetro que permita saber se essa relação está dentro de padrões aceitáveis.
A Federação Nacional de Saúde Suplementar argumenta, por seu lado, que, independentemente do parâmetro a ser estabelecido pela ANS, os planos e seguros de saúde têm interesse em não superlotar sua rede de atendimento, que será ampliada, se a demanda assim o exigir. Sua posição é compreensível, mas a existência desse parâmetro é essencial para manter o equilíbrio de um sistema de saúde privado ao qual aderiram até agora – na esperança de ter um atendimento melhor que o da rede pública – 40 milhões de brasileiros, cujos interesses têm de ser preservados.

Fonte: Jornal da Tarde

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