Novo seguro indeniza em casos de golpes com Pix
A popularidade do Pix é inegável: são mais de 1,04 bilhão de transações até o mês de setembro, desde o seu lançamento. O número de chaves já passa dos 330,7 milhões e são 109,7 milhões de usuários, considerando pessoas físicas e jurídicas.
Porém, à medida que mais e mais pessoas aderem e usam o Pix para fazer transferências e pagamentos instantâneos, crescem também os golpes e tentativas de fraudes envolvendo o sistema.
A cada oito segundos, um brasileiro é vítima de golpes ou fraudes virtuais, sendo que as fraudes envolvendo o Pix estão entre as mais frequentes, segundo um estudo do Serasa Experian.
Diante desse cenário, soluções para evitar prejuízos começaram a ser elencadas. O Banco Central, criador do sistema e principal fiscalizador, ajustou as regras do Pix para limitar o valor das transações a R$ 1 mil durante à noite.
Além disso, surge uma nova modalidade de seguro: instituições financeiras vêm criando e desenvolvendo produtos que deem proteção ao cliente quando se diz respeito ao uso do Pix.
O que é?
O seguro é uma nova modalidade, que algumas instituições já criaram e outras já desenvolvem, que visa proteger a pessoa física de possíveis golpes ou fraudes relacionados à transferências de dinheiro envolvendo o Pix.
O Santander anunciou o Santander Seguro Transações, modalidade criada para proteger o cliente pessoa física que realiza, sob coação, transferências via Pix, mas também inclui DOC, TED e TEF.
A contratação do seguro estará disponível para todos os correntistas pessoa física do Santander em novembro e poderá ser feita pelo aplicativo e nos caixas eletrônicos do banco. O Mercado Pago também anunciou que irá oferecer uma solução similar em sua conta digital. Com o objetivo de oferecer cobertura em caso de eventuais ocorrências, principalmente em ambientes externos, o Mercado Pago passa a disponibilizar seguros de perda, roubo e furto, proteção de compras, saques em dinheiro e saques e transferências sob coação inclusive com Pix e Código QR, disse a empresa em nota.
A contratação estará disponível para os clientes a partir de novembro e a oferta será em parceria com a seguradora BNP Paribas Cardif, empresa de seguros de crédito e especialista em seguros massificados do Brasil . Com um ano de operação no segmento de insurtech, nossa estratégia inclui olhar para o seguro como ferramenta de acesso ao dinheiro digital, abrindo mais uma porta para a inclusão financeira dos brasileiros, explica Tulio Oliveira, vice-presidente do Mercado Pago.
O Bradesco também anunciou sua versão do produto: o seguro, que vale para transações bancárias realizadas por meio do aplicativo Bradesco em dispositivos perdidos, roubados ou furtados, também inclui o Pix e não para fraude no Pix no caso de transferências, pagamentos QR Code e Pix
Copia e cola.
O banco ressaltou que o seguro não cobre fraudes envolvendo Pix, como casos de engenharia social, quando o cliente é convencido por um criminoso e faz um Pix por engano, por exemplo.
O InfoMoney entrou em contato com o Banco do Brasil, com o Itaú, com a Caixa e com o Pic Pay para entender se eles também ofereciam produtos similares.
Em nota, o Banco do Brasil explicou que trabalha em um seguro nesse sentido com o foco em proteger itens pessoais. Entre as coberturas previstas, está a proteção para saques, compras ou transferências via Pix sob coação, com previsão de lançamento para o início de 2022.
O valor de cobertura terá limite de R$ 1.000 e, inicialmente, não terá coberturas relacionadas a fraudes. A ampliação da cobertura e dos limites de indenização serão avaliados no decorrer da maturação da carteira.
O Itaú, por sua vez, também afirmou que uma nova solução com proteção e cobertura para transações digitais realizadas sob coação deve ser disponibilizada aos clientes em breve.
O Pic Pay explicou que não oferece o produto, por enquanto.
Como funciona
Cada instituição tem seus processos internos, mas a lógica é a mesma: o cliente pode optar por pagar um valor mensal a fim de obter uma cobertura em caso de problemas envolvendo transações com o Pix.
No Santander, são três planos diferentes, que são ofertados de acordo com o segmento do cliente. Dessa forma, terão mensalidades de R$ 9,99, R$ 18,99 ou R$ 24,99, e cobertura anual de R$ 3,5 mil, R$ 8 mil ou R$ 20 mil, respectivamente. O cliente contará com a proteção do seguro quando ele for coagido a realizar um Pix ou uma transferência a partir de sua conta corrente no Santander, respeitando um período de carência. No caso de fraudes e golpes, a orientação é que o cliente se certifique, antes de realizar suas movimentações, sobre a idoneidade do destinatário dos recursos, já que este tipo de transação não será coberta pelo novo seguro, diz o banco em nota.
O seguro também indenizará o cliente nos casos de um bem adquirido com o Pix Santander e roubado em até sete dias após seu recebimento, com valores que variam de R$1 mil a R$3 mil dependendo do plano.
No Mercado Pago são dois tipos de planos de conta protegida, um no valor de R$3,50 mensais e cobertura de R$5 mil reais, e outro de R$5 reais mensais, para coberturas de até R$ 10 mil em pagamentos, compras e transações. A cobertura é válida para débitos que tenham sido efetuados no período de 96 horas antecedentes a notificação do ocorrido.
É possível usar a versão web ou o aplicativo escolher o plano, contratar, acessar o certificado, abrir e gerenciar o sinistro. Pelo app, também é possível ter acesso ao detalhamento de toda a cobertura e termos de uso, condições gerais da apólice antes e após a contratação, diz a empresa.
No Bradesco há três planos: Classic, Exclusive e Prime e os valores mensais para adesão são R$ 8,99; R$ 11,99; R$ 15,99, respectivamente. Neste caso, o Seguro Proteção Digital é exclusivamente destinado aos clientes usuários do app Bradesco.
O plano Classic cobre até R$ 20 mil em danos, enquanto o Exclusive cobre R$ 35 mil e o Prime até R$ 50 mil. Não há carência e a vigência inicia a partir das 24 horas do dia de pagamento. A contratação pode ser realizada no próprio app do banco. Os limites de contratação das coberturas variam conforme segmento do correntista no banco, disse o Bradesco em nota.
Vale a pena?
O novo serviço é mais uma opção ao cliente final, que quer se proteger de eventuais roubos, golpes e assaltos envolvendo o risco de o criminoso usar o Pix para efetuar transferências e pagamentos. Faz sentido esse produto surgir agora diante do aumento dos golpes envolvendo Pix.
Mas sempre foi uma discussão entre as instituições finacneiras: como recuperar a receita que foi perdida com a chegada do Pix? Os grandes bancos usaram o ecossistema e grande portfólio que possuem para ofertar uma nova solução e seguir monetizando o cliente.
O varejo tem ainda mais vantagem porque começa a oferecer e também monetizar seu negócio por outro segmento, neste caso com parcerias, avalia Ricardo Pandur, gerente sênior de estratégia de negócios da Accenture. O cliente sempre precisa olhar sua vida financeira e colocar na balança a necessidade de um produto como esse. Mas a iniciativa das instituições mostra que tem público, acrescenta.
Mas na prática, o que o consumidor pode fazer para não pagar a mais: ficar atento às dicas de segurança para evitar compartilhar senhas, dados pessoais, clicar em links maliciosos, entre outros pontos. O InfoMoney já fez uma reportagem que responde algumas questões sobre proteção de dados, Pix e a integração com o Open Banking.
Fonte: NULL