Nem tudo está perdido…
Sou, por natureza, uma pessoa otimista. E vivendo no Rio de Janeiro desde a infância, incorporei o estilo carioca de qualificar quase tudo como “ótimo”. O que denota, no meu ponto de vista, uma forma de encarar as situações de uma maneira positiva. No entanto, há algum tempo venho notando uma quebra nesse paradigma. Em diversas ocasiões, sociais ou profissionais, tenho ouvido um desfiar de rosário de lamentações que me surpreende, não apenas pela freqüência, mas principalmente pela intensidade dos sentimentos na expressão da decepção, angústia e aparente falta de solução. E aí me pergunto: será que o mundo mudou? Ou mudaram os cariocas? Fazendo uma retrospectiva do que aconteceu no cenário nos últimos anos, percebo que a mudança não foi exatamente uma situação localizada no tempo, mas uma sucessão de acontecimentos que levaram, talvez, a essa desesperança generalizada. Falar de mudança de capital, perda de prestígio, etc. é falar de fatos muito antigos, cujo impacto já se diluiu ao longo dos anos. Mas, pensemos na situação do país, não apenas da cidade ou do Estado do Rio de Janeiro. Pode ainda haver mais motivos para um clima pessimista? Não precisa nem vir os terroristas para cá, já temos os nossos, espalhados não somente na Rocinha, Vidigal, mas no país inteiro. Sem falar nos acontecimentos, dito, políticos, mas que para mim, são criminosos mesmo. Entretanto, um fato, aparentemente menor, sem importância significativa no contexto econômico, me fez pensar que talvez o carioca ainda não tenha se perdido completamente: as manifestações pelo Dia Internacional do Amigo. Confesso que até então nem mesmo sabia que existia tal data. Mas, de repente, como uma manifestação bem orquestrada, começaram a surgir no meu computador umas mensagens lindas, algumas de uma poesia doce, pueril, outras objetivas, estruturadas, porém, todas, demonstrando bem lá no íntimo, que ainda havia um resquício de alegria. A alegria simples de, apesar dos pesares, estar vivo e poder partilhar aquele dia com um amigo. Ah! E com um pequeno detalhe a ser registrado, para não falar de São Paulo, não recebi uma única mensagem dos amigos dos outros estados. Certamente, o carioca ainda tem salvação! Berenice M.G. Areias Conselheira do Clube das Luluzinhas Executivas de Seguros-RJ E-mail: areiasb@braservices.com.br