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Na prática, o que muda com as regras de suitability?

Nas últimas semanas, cresceu o debate em torno do conceito de “suitability”.
O Comitê de Regulação e Fiscalização dos Mercados Financeiro, de Capitais, de Seguros, de Previdência e de Capitalização (Coremec) publicou a Deliberação no 7, que trata exatamente das regras para que o Sistema Financeiro Nacional (SFN) passe a adotar o conceito de “suitability”. Mas, na prática, o que toda essa discussão significa para o investidor? Para responder esta questão, é preciso, inicialmente, definir o que é “suitability” e o que o termo representa. Na íntegra, a tradução significa adequação. Trazendo a palavra para o contexto financeiro, o conceito de “suitability” representa exatamente adequar produtos financeiros ao perfil do investidor. Ou seja, as instituições financeiras precisam oferecer aos seus clientes produtos e serviços financeiros compatíveis com o objetivo de curto, médio e longo prazos, além da tolerância ao risco do investidor.
Se porum ladotodos osprodutos e serviços financeiros, como os fundos, por exemplo, possuem prospectos e políticas de investimentos rígidas e claramente definidas, ainda não havia regras para a avaliação do perfil doinvestidor. Ouseja, aanálise era aleatória e diferente de uma instituição para outra. O investidor poderia investir em diferentes mercados mesmo que os produtos não fossem voltados para o seu perfil.
O conceito de “suitability” chega para equacionar o problema.
Serão definidas regras claras para padronizar a avaliação do perfil do investidor. Com a definição das características do investidor e seus objetivos, as instituições poderão oferecer e sugerir serviços e produtos mais adequados e, consequentemente, mais eficientes.
É importante lembrar que a decisão chega em um momento de extrema relevância para o investidor pessoal. Com o juro básico da economiaem declínio,abusca pormelhores retornos será inevitável. É esperado que, mesmo que a Selic permaneça no atual nível até 2010, os investidores comecem a avaliar e a buscar oportunidades para melhorar o ganho das carteiras.
A relação risco/retorno passará a ser peça-chave. O investidor terá de entender esse conceito e acompanhálo constantemente. A diversificação será a principal estratégia para melhorar a performance. E, para evitar frustrações ou surpresas no meio do caminho, será necessário um acompanhamento do perfil do investidor e a adequação da carteira.
Buscar fundos diferenciados ou direcionar uma parcela da carteira para a compra direta de ações são alternativas que começam a ganhar força, inclusive, entre investidores novatos. Nesta hora, quando muitos investidores começam a migrar da renda fixa para a variável, a avaliação e a adequação dos investimentos ao perfil do investidor é fundamental. Muitas vezes, apesar de desejar um rendimento mais elevado, o investidor não pode correr o risco de perder parte do principal investido. Assim, diversificar a carteira adequando a propensão ao risco e a expectativa de retorno será o grande desafio.
Para que as regras de “suitability” entrem em vigor, ainda há um caminho a ser percorrido. O Coremec apenas definiu que o SFN deve regulamentar as regras. Especificamente para investimentos, esta regulação ficará a cargo da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A expectativa é de que a CVM estabeleça as regras gerais e atue juntamente com a Associação Nacional dos Bancos de Investimentos (Anbid) e a BM&FBovespa para definir os detalhes.
Na prática, a expectativa é de que, a partir de 2010, ao assumir novos investimentos, independente do valor, os investidores passem por uma avaliação de perfil. Esta análisedeverá contemplarquestionários e o confronto desses perfis com as aplicações desejadas. O teor desses questionários, além dos objetivos e expectativas para curto, médio e longo prazos, devem envolver informações quemostrem o conhecimento que o investidor possui sobre omercado financeiro e os diferentes tipos de aplicação.
No caso específico de ações, é importante contemplar o que e quanto o investidor conhece sobre diferentes operações, como, por exemplo, os derivativos.
A ideia é que, com o tempo, as avaliações e os confrontos entre os perfis dos investidores e as aplicações escolhidas sejam frequentes. Assim, será possível avaliar de perto se a evolução do portfólio estará adequada aos objetivos dos investidores. A periodicidade dessas análises, as formas de alerta, ainda serão amplamente discutidas. O debate em torno da “suitability” está apenas começando.
E todos, investidores e instituições, sairão ganhando!
Robson Queiroz é diretor-comercial da SLW Corretora de Valores E-mail robson@slw.com.br
Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Fonte: Valor

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