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Na contramão do BC, juro bancário sobe e bate recorde em outubro

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começou a reduzir a taxa básica da economia em outubro – quando foi feito o primeiro corte em quatro anos – mas as instituições financeiras continuaram elevando as taxas cobradas de seus clientes no mês passado, que bateram novo recorde.

Segundo números divulgados nesta quinta-feira (24) pela autoridade monetária, os juros bancários nas operações com recursos livres (excluindo crédito imobiliário, rural e do BNDES) subiu 0,5 ponto percentual em outubro, para 73,7% ao ano – novo recorde. A série histórica tem início em março de 2011.

A taxa cobrada em todas as operações (pessoas físicas e jurídicas) com recursos livres também avançou no mês passado, para 54% ao ano – novo recorde da série histórica da autoridade monetária. Já os juros bancários de empresas avançaram para 30,4% ao ano – o maior patamar desde agosto deste ano (30,6% ao ano).

Segundo Renato Baldini, chefe-adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, o corte da taxa básica de juros pelo Banco Central deve se refletir no futuro nos juros bancários. Ele não soube precisar, porém, quando isso poderá começar a acontecer.

“Isso [queda dos juros bancários seguindo as decisões do BC sobre a taxa básica] não ocorre de forma automática porque têm vários fatores que interferem na precificação da taxa de juros pelas instituições financeiras, como a percepção sobre incertezas no quadro econômico, as perspectivas para a economia nos próximos meses e anos, e taxas de inadimplência ainda altas”, declarou ele.

Juro bancário x taxa básica
Apesar da queda em outubro deste ano, no acumulado dos últimos meses a taxa registrou aumento. No início de 2015, a taxa básica de juros da economia brasileira estava em 11,75% ao ano, passando para 14% ao ano em outubro deste ano. Ou seja, um aumento de 2,25 pontos percentuais.

Os números mostram que os bancos, além de não terem baixado suas taxas em outubro, acompanhando o movimento do Banco Central, também elevaram suas taxas de juros ao consumidor de maneira bem mais intensa do que a instituição nos últimos meses.

Desde o começo do ano passado, os juros bancários médios (sem contar crédito habitacional, rural e do BNDES) subiram 14,9 pontos percentuais – passando de 39,1% ao ano, em janeiro de 2015, para 54% ao ano em outubro deste ano.

Já no caso dos juros bancários cobrados somente das pessoas físicas, houve um aumento de 21,7% desde o começo de 2015 – quando a taxa média destas operações estava em 52% ao ano. Em outubro deste ano, já haviam avançado para 73,7% ao ano.

Inadimplência segue elevada
Em meio a um cenário de recessão na economia, de aumento do desemprego e de alta nas taxas de juros dos bancos, a taxa de inadimplência continuou em patamar elevado.

Em outubro, informou o Banco Central, a taxa de inadimplência dos clientes bancários pessoas físicas e das empresas, nas operações com recursos livres (exclui crédito imobiliário, rural e do BNDES), permaneceu em 5,9% – o maior patamar da série histórica, que começa em março de 2011.

Considerando apenas a inadimplência com recursos livres para pessoas físicas, também houve aumento no mês passado, em 6,2%. No caso das operações com empresas, a taxa de inadimplência avançou de 5,5% em setembro para 5,6% em outubro.

Spread bancário
Com o aumento dos juros bancários para pessoas físicas em outubro, houve elevação também do chamado “spread bancário” – que é a diferença entre a remuneração paga pelos bancos sobre os recursos captados e quanto cobram nas operações de crédito.

Em setembro deste ano, “spread” nas operações com pessoas físicas somava 60,7 pontos percentuais. Em outubro, avançou para expressivos 61,7 pontos percentuais. Deste modo, o spread continua em um patamar historicamente elevado. Em doze meses, houve um forte aumento de 13,7 pontos percentuais.

O “spread” é composto pelo lucro dos bancos, pela taxa de inadimplência, por custos administrativos, pelos depósitos compulsórios (que são mantidos no Banco Central) e pelos tributos cobrados pelo governo federal, entre outros.

Fonte: G1

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