Na Cadbury, a inovação vem sem açúcar
A subsidiária terá um novo diretor-geral, Oswaldo Nardinelli, e Marcos Grasso, que acumulava o comando do Brasil e dos países andinos, passa a ser presidente do bloco América do Sul, formado por dez países.
Com a separação, a empresa anunciou uma reestruturação global há três meses e confeitos passou a ser o foco do negócio. A Cadbury brasileira, que não tem uma divisão de bebidas e antes pecava justamente por não ter um braço importante da companhia, virou o jogo a seu favor. Ganhou respaldo mais forte do grupo.
“Para nós, a mudança resultou em uma proximidade maior da alta gestão e mais foco em inovação, pesquisa e desenvolvimento”, diz Nardinelli, há 15 anos na Cadbury, os últimos seis em marketing.
Mirar somente em confeitos significa um desafio e tanto, já que a categoria pende muito mais para a linha “indulgente”, de guloseimas, do que de produtos saudáveis. É por isso que, nos últimos anos, a empresa vem centrando esforços nos produtos sem açúcar, mais voltados para o público jovem e adulto, com marcas como Trident e Hall´s. Os infantis, Bubballoo, Ping- Pong e Ploc, repletos de açúcar e com preço unitário baixo e margem pequena, deixaram de ser prioridade. Atualmente, 60% das vendas da empresa no Brasil é de produtos que não contêm açúcar, de valor agregado mais alto.
A estratégia ganhou ainda mais importância depois que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou que deverá apertar o cerco aos produtos com alto teor de açúcar- as gomas de mascar são um dos principais alvos. A Anvisa poderá proibir a veiculação de propaganda em rádio e TV das 6 horas às 21 horas e o uso de personalidades e personagens, muito presentes na goma infantil.
Os investimentos em marketing mostram claramente esse caminho. Bubballo recebeu três vezes menos verba do que Trident. Dos R$ 62 milhões investidos pela companhia este ano, R$ 28 milhões estão concentrados em Trident, R$ 16 milhões em Hall´s , R$ 10 milhões em Chicletes e R$ 8 milhões em Buballoo.
Fonte: Valor