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Mulheres que levam globalização a sério

A alemã Gabriele Tischler, diretora de gestão estratégica de negócios da Allianz Seguros, sempre quis ter uma carreira internacional. O desejo nasceu devido aos prazer que ela tem em aprender idiomas e conhecer culturas. Apesar da ambição, ela conta que jamais planejou sua carreira nessa direção. As oportunidades apareceram e ela as aproveitou. Gabriele afirma que não quis limitar sua atuação à Alemanha. Por isso, aceitou propostas que outras pessoas negariam por terem receio de enfrentar ambientes desconhecidos.
A história de Gabriele deixa claro que as mulheres que aspiram a uma carreira internacional precisam ter, acima de tudo, uma postura compatível com tal desejo. Além de sonhar, é preciso agir.
Até os 18 anos de idade, a executiva viveu em uma vila com cerca de 200 habitantes, a cem quilômetros de Munique, cidade na qual cursou um ano de Medicina. Não satisfeita com a escolha, Gabriele mudou para Passau, no sul do país, e ingressou no curso de Administração combinado com Línguas Estrangeiras. Ela conta que a universidade da cidade é pequena, mas tem parcerias com instituições de ensino de outros países. “Aquele foi o meu primeiro passo para uma carreiras internacional”, destaca.
Após dois anos de aulas, ela partiu para um intercâmbio na França. “Eu já falava francês, que comecei a estudar no colégio, mas aprendi mesmo a falar quando morei no país.” Na universidade a executiva também participou de intercâmbios na Espanha e Venezuela.
Para a sócia-diretora da consultoria Across, Regina Camargo, a profissional que deseja ter uma atuação global precisa, acima de tudo, se dedicar ao aprendizado de idiomas e procurar ter vivências multiculturais. Para ela, ter contatos com culturas diferentes é importante não apenas para o currículo, mas também pela formação que a situação pode proporcionar, já que será necessário aprender a lidar com as diferenças. “Intercâmbio é uma experiência importante. Também há MBAs que podem ser cursados totalmente ou parcialmente no exterior”, indica.
A consultora diz ainda que nunca é demais reforçar a importância de ter fluência em outros idiomas. “Há gente com experiências importantes, mas deficitárias nesse quesito. Porém, falar inglês e espanhol é uma exigência padrão.”
Após sua formatura, Gabriele conseguiu emprego na Ernst & Young, em Stuttgart, Alemanha. No ano seguinte, a executiva migrou para o escritório da empresa em Estrasburgo, na França. Ao final de outros 12 meses ela voltou ao seu país e ingressou na Allianz. Inicialmente, Gabriele era consultora para a Europa Ocidental. Em seguida, assumiu o atendimento da continente sul-americano. “Depois abriram uma posição em São Paulo. Era tudo o que queria. Sempre tive paixão pela América do Sul, desde o tempo em que conheci a Venezuela”, diz ao justificar sua vinda para o País, em janeiro de 2002. Hoje, ela tem um português fluente, mas com típico sotaque alemão.
A executiva lembra que só começou a estudar o idioma quando a possibilidade de vir para o Brasil surgiu. Incansável, além de alemão, francês, espanhol e português, Gabriele já arrisca algumas palavras em mandarim, língua à qual atualmente se dedica.
A alemã não economiza ao falar do Brasil. “Em comparação com a Alemanha, este é um País no qual os jovens têm muitas oportunidades. A cultura local confia em pessoas jovens. É um ponto positivo, eu acho. E o mercado de seguro aqui é interessante, pois é emergente. Há muito por fazer. É bom trabalhar nesse ambiente dinâmico”, destaca.
A espanhola Maria De Larrea, superintendente de resseguro da Allianz, veio para o Brasil com a família aos 17 anos. Quando completou o colegial, voltou ao seu país natal, onde cursou Administração. Durante os estudos, fez estágios nos Estados Unidos. Os contatos renderam a ela uma oportunidade de trabalho em Londres, onde ficou por cinco ano. Em 2005, a notícia sobre a iminente abertura do mercado nacional de resseguros foi decisiva para que ela regressasse. De volta ao Brasil, ela encontrou uma vaga de trabalho na AGF Seguros, empresa que posteriormente foi comprada pela Allianz. “Estou na companhia desde outubro daquele ano. Vim para adaptar a companhia à abertura do mercado de resseguros”, observa.
No caso de Maria, a trajetória de sua família a ajudou a se adaptar às constantes mudanças que uma executiva global precisa enfrentar. “Eu me acostumei a viajar e a conhecer diferentes países. Cada mudanças que fiz contribuiu com o aprendizado de um idioma e a descoberta de outras culturas. Adoro isso. Há quem goste de ter a mesma rotina, sempre. Eu prefiro desafios. Não me incomodo em começar do zero em um país novo”, sustenta.
Igualdade entre gêneros
Solteira e sem filhos, Gabriele diz não ter enfrentado um dilema comum a algumas executivas: a difícil conciliação entre vida profissional com os cuidados com a família. “Não fiz uma escolha. Simplesmente não tive vontade de ter filhos. Se quisesse, teria tido e, ao mesmo tempo, continuaria minha carreira. Vejo que é possível conciliar.”
Segundo ela, hoje há mais mulheres em postos gerenciais. “Pessoalmente, nunca senti discriminação”, diz. Porém, a executiva reconhece que só hoje as oportuni-dades são divididas de modo mais equilibrado entre os sexos. Na opinião de Gabriele, os interessados em construir uma carreira internacional – sejam mulheres ou homens – precisam ser “abertos e ter curiosidade”.
Regina, da Across, tem um ponto de vista diferente. Para ela, o número de mulheres que ocupam postos de lideranças é reduzido. “O mundo executivo ainda é eminentemente masculino, por mais que isso tenha melhorado. Há uma expectativa de que os cargos mais altos sejam ocupados por homens. Elas precisam ter muita perseverança para chegarem lá”, opina. Já Maria acredita que já há muitas executivas no Brasil. “Quando uma profissional faz um bom trabalho, o brasileiro não fica com o pé atrás só porque se trata de uma mulher”, assegura.

Fonte: Gazeta Mercantil

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