Mudanças climáticas agravam problemas socioeconômicos
As temperaturas médias do planeta vêm aumentando, e os efeitos climáticos desse fenômeno já estão afetando a economia, agravando os problemas sociais e levando até a movimentos migratórios. Segundo o mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da ONU, 3,3 bilhões de pessoas estão vulneráveis, ou cerca de 40% da população mundial.
O grau do aquecimento global e suas consequências dependem da adoção (ou não) de medidas que limitem a emissão de gases do efeito estufa, mas, como esses passos têm sido lentos, o mundo tende a caminhar para um cenário de secas mais intensas, elevação do nível dos oceanos e maior agressividade dos eventos metereológicos de uma forma geral.
Exemplos disso são o flagelo da seca no Nordeste e os estragos das chuvas de verão no Sudeste. Mas a recente tempestade que desabou sobre Petrópolis, na Região Serrana fluminense, no dia 15 de fevereiro, seria um retrato desse agravamento, tendo em vista o fato de o volume de água que caiu em três horas ter sido o equivalente ao previsto para o mês inteiro.
Tempestades de verão como aquela causam cada vez mais deslizamentos de encostas, o que provoca mortes e desabrigados. Os alagamentos também geram prejuízo para o comércio, serviços e turismo em todos os lugares em que ocorrem.
Sem contar a interrupção do tráfego nas rodovias, quando o volume dos rios sobe além do normal, destruindo pistas ou pontes. O prejuízo para o poder público é imenso.
Além dos custos com obras de reconstrução, o fechamento de estradas afeta a cadeia de logística e os suprimentos das empresas.
De acordo com Andréa Santos, essas são consequências já visíveis dos eventos extremos que o aquecimento global está trazendo por meio das chuvas.
No entanto, as secas mais intensas, também responsáveis pela redução na produção de energia hidrelétrica, afetam o abastecimento de água das cidades e provocam impactos também graves na agricultura. O Acordo de Paris prevê reduzir as emissões de CO2 e limitar o aquecimento global abaixo de 2ºC, mas infelizmente quase nada foi feito, e caminhamos para um cenário perigoso. Será preciso mais investimentos em medidas de mitigação e uma série de adaptações para enfrentar eventos climáticos cada vez mais intensos e frequentes, explica Andréa.
Para ela, todo esse quadro também representa um desafio para o setor de seguros, que tem como missão proteger pessoas e atividades econômicas. Por isso, as empresas do setor terão que realizar estudos para analisar os riscos de eventos adversos.
O Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas apontou várias preocupações com relação ao Brasil.
Entre elas, estão o agravamento das secas na região Nordeste e maior aridez e número de queimadas no sul da Amazônia e no Centro-Oeste, além de mudança no regime das monções nessas regiões, com atraso nas chuvas torrenciais.
Joaquim Neto, presidente da Comissão de Seguro Rural da FenSeg, afirma que a entidade tem acompanhado atentamente a ocorrência desses fenômenos extremos no campo.
O ano de 2021 foi marcado por eventos negativos, que afetaram severamente a safra de grãos.
O inverno no Sul foi marcado pela seca, e a colheita no verão, tanto nessa região quanto no Centro-Oeste, foi drasticamente prejudicada por chuvas fortes e de granizo. O Seguro Rural, que cresceu 40% no ano passado, foi impactado por uma série de oscilações do clima por conta do La Niña, como geadas intensas O Acordo de Paris prevê reduzir as emissões de CO2 e limitar o aquecimento global abaixo de 2ºC, mas infelizmente quase nada foi feito, e caminhamos para um cenário perigoso. Andréa Santos, UFRJ/COPPE e períodos de seca severa. As perdas por eventos climáticos estimulam os produtores a buscarem proteção do seguro, afirma Joaquim Neto.
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