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Moodys vê risco elevado em bônus com vencimento breve

As emissões feitas pela Petrobras no primeiro semestre deste ano diminuíram as necessidades de refinanciamento das empresas latino-americanas com bônus de alto rendimento. Ainda assim, a qualidade dos bônus que vencem na segunda metade deste ano é fraca, alerta a Moodys.

As emissões “high yield” na América Latina somaram US$ 6,3 bilhões em sete operações no segundo trimestre, com a Petrobras respondendo sozinha por 64% desse total. Com isso, agora a região tem quase US$ 2,2 bilhões a vencer no restante do ano.

Apesar da cifra relativamente pequena, são emissões de empresas com rating bastante ruim. Entre os principais destaques estão US$ 842 milhões da petroleira venezuelana PDVSA (rating “Caa3”), US$ 500 milhões da Andrade Gutierrez (“Caa2”), US$ 300 milhões do Grupo Virgolino de Oliveira (“C”) e US$ 151 milhões da Odebrecht Engenharia (“Caa2”).

“A baixa qualidade dos vencimentos futuros e a aversão ao risco vão desafiar o acesso aos mercados de capitais, mesmo com um reduzido risco de liquidez corporativa”, diz relatório da Moodys. A agência aponta que a taxa de calote nos últimos 12 meses na região caiu para 2,1% em junho, mas deve subir a 3,5% até a metade do ano que vem, contrariando a tendência global de queda. “O baixo crescimento econômico da América Latina deve manter os spreads mais voláteis na região.”

A agência aponta que, apesar da redução na perspectiva do rating soberano em maio, a nota “B1” da Petrobras não foi afetada e a empresa tem outlook positivo. “Isso reflete nossa percepção de que a empresa vai continuar a focar na redução da dívida e fortalecimento da sua performance operacional, o que deve melhorar a geração de caixa e as métricas de crédito”, afirma o relatório.

No segundo trimestre, a região teve seis rebaixamentos de rating e apenas duas elevações – incluindo a Petrobras. Ainda assim, o rebaixamento na perspectiva do rating soberano brasileiro levou junto 15 empresas no segundo trimestre. “Os setores brasileiros de engenharia & construção, construtoras (residenciais) e siderúrgicas ainda estão enfrentando dificuldades em função da recessão no país”, aponta o texto.

No primeiro semestre, do total emitido, 94% foram para refinanciar dívida, 3% para propósitos corporativos gerais, 2% para investimentos e 1% relacionados a fusões e aquisições. A Moodys diz que a geração de caixa na região melhorou no primeiro trimestre, com a relação caixa/dívida de curto prazo ficando em 1,36 vez. “Para preservar caixa, as empresas têm cortado investimentos e gastos operacionais. Entretanto, alguns emissores ainda dependem da venda de ativos e da disposição dos bancos de refinanciar dívidas de curto prazo”.

Atualmente, existem 108 empresas com emissões high yield na região, totalizando US$ 140,7 bilhões em circulação, sendo que o Brasil responde por 40% desse estoque. O relatório da Moodys aponta ainda que a nota média da qualidade de convenants da América Latina piorou para 3,4 no segundo trimestre, o nível mais negativo desde o terceiro trimestre de 2015. Nessa escala, 1 é o nível mais forte e 5 o mais fraco. A média da região desde 2011 é de 3,0.

Fonte: Valor

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