Meta do Governo para déficit primário está em risco
Os contornos do déficit primário começaram a ficar mais visíveis nas contas do governo, o que é natural porque nos primeiros meses do ano as contas ficam positivas pelo pagamento de dividendos das estatais e a baixa execução orçamentária.
Entre janeiro e maio, o déficit do governo central acumula R$ 17,4 bilhões, dos quais R$ 14,7 bilhões foram computados em maio.
No ano, a meta do governo é ter um déficit primário de, no máximo, R$ 139 bilhões. Quando se compara o período de 12 meses, de junho de 2018 a maio deste ano, o rombo já está em R$ 125,2 bilhões.
O valor está abaixo da meta prevista, mas é elevado se for considerado que o governo já promoveu um contingenciamento de mais de R$ 30 bilhões no Orçamento.
Além disso, no segundo semestre os gastos públicos costumam acelerar com o pagamento de 13º salário e das obras e investimentos feitos no começo do ano.
O resultado de maio, segundo o Tesouro Nacional, foi mais de R$ 3 bilhões a mais frente ao mesmo mês do ano passado, o que também indica uma piora do quadro fiscal.
Para cumprir a meta de déficit fiscal neste ano, o governo tem ainda pelo menos dois outros complicadores:
1) a receita com impostos está muito aquém do previsto no Orçamento e ao que tudo indica a economia vai entrar em novo período recessivo, impactando negativamente sobre a arrecadação; e
2) a parte dos recursos que o governo considera para atingir a meta é decorrente de receitas extraordinárias que dependem, por exemplo, do megaleilão do pré-sal, de onde o Tesouro espera arrecadar cerca de R$ 106 bilhões com o bônus de assinatura dos contratos.
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